São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Executivos trocam psicólogo por música

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Bateria, saxofone, trompete, piano, violão e até a flauta japonesa shakuhachi. Na galeria dos instrumentos musicais, cada empresário ou executivo escolhe o seu para espantar o estresse.
"O trompete é a substituição do psicólogo. Quando toco, os problemas fluem pelo sopro", diz Octavio Lopes Filho, 56, diretor da construtora Lopes Filho.
Ele conta que redescobriu o trompete há 12 anos, após tocar o instrumento na infância e na adolescência. "Minha mãe achou o instrumento no fundo de um armário e voltei a brincar."
Lopes toca, pelo menos um pouco, todos os dias, quando volta do trabalho.
Mesmo uma barulhenta bateria pode tirar o estresse de quem passa o dia numa frenética mesa de operações de um banco.
"É uma das melhores formas de extravasar a tensão diária. Quando toco, esqueço tudo, só curto a música", diz José Maria Franco Ferreira, 33, gerente de "corporate finance" do Banco da Bahia de Investimento.
Ferreira comprou sua bateria há dois anos, fez aula particular e hoje se diverte com o instrumento e as músicas do U2. "A bateria era um sonho de infância e virou um ótimo hobby."
Cyro Laurenza, 57, dono de uma empresa de consultoria em engenharia, espera ansiosamente as noites de terça-feira. É quando a sua banda com 17 músicos se reúne para tocar Glen Miller, Ray Coniff, entre outros. "O ensaio é uma senhora farra."
Laurenza, que toca saxofone há 12 anos, conta que quando está cheio de problemas nem tem vontade de tocar. "Mas quando começo, entro em alfa."
O engenheiro diz que a banda é convidada para tocar em bares. "Mas o que ganhamos não dá nem para pagar o estacionamento. Lotamos o local só com amigos e familiares."
Seu único problema são as aulas. "O trabalho atrapalha o aperfeiçoamento musical."
Wilson Curia, professor particular de teclados há 35 anos, diz que muitos alunos empresários e profissionais liberais faltam constantemente às aulas. "Mas todos dizem que as aulas são um relax, uma higiene mental."
Na escola de bateria de Duda Neves, o maior movimento ocorre após as 18 horas. "As pessoas saem do trabalho e, como não podem tocar o instrumento em casa por causa do barulho, vem para cá, relaxar e aprender."
Danilo Tomic, professor de shakuhachi (flauta japonesa), diz que o instrumento exige uma certa dedicação do aluno.

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