São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Temporada histórica

SÍLVIO LANCELLOTTI

Brilhante jornalista norte-americana, a feminista Ellen Woodman costuma definir o seu trabalho de colunista por meio de uma frase lapidar: "É como casar com uma ninfomaníaca. Você mal acaba e tem de começar outra vez".
Pois está de volta, e com uma volúpia bem maior do que todas as anteriores, a temporada européia do futebol. Está de volta com ao menos dois torneios sensacionais, na Espanha e na Inglaterra, as nações que mais contrataram estrangeiros de impacto na esteira da sentença Bosman. E está de volta com um certame equilibradíssimo na Itália de poucos brasileiros mas um total, recorde dos recordes, de 83 contratados do exterior.
Melhor ainda, trata-se de uma temporada curiosamente de despedidas. Em 1996/97 a Europa vai testemunhar a derradeira edição da Copa dos Clubes Campeões com somente 16 clubes e somente aqueles de fato campeões.
Em 96/97 as fronteiras e o calendário do continente meramente se aquecerão para a formidabilíssima explosão que mudará o seu cenário em 97/98.
Encerrou a sua história, por exemplo, a tradição dos jogos apenas aos domingos e nas quartas. De setembro de 96 a maio de 97 a Europa apenas não verá combates nas segundas e nas sextas. Objetivo inevitável: o dinheiro propiciado lautamente pelas redes de televisão do continente.
Corretamente os cartolas da Europa concluíram que a sua região, cada dia mais livre dos limites geográficos, exige torneios monumentais, em que as necessidades comerciais sobrepujem as rivalidades locais. A Copa dos Campeões de 97/98 abrigará 24 agremiações -a detentora do troféu, as 15 ganhadoras dos 15 certames mais importantes do ranking da Uefa e também as oito vices principais. O melhor campeonato do universo. E no Brasil ainda existe quem defenda os paupérrimos torneios estaduais...

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