São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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O ambiente da droga

DA REPORTAGEM LOCAL

"Clima", ambiente, contexto podem alterar a potência de uma droga, seja biológica ou psicologicamente, seja a droga um remédio para a dor ou o crack.
A teoria foi comprovada pela pesquisadora Bárbara M. C. Ramos, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, em sua tese de doutoramento. Ramos foi orientada por Shepard Siegel, da Universidade McCaster, especialista na diversidade dos efeitos da droga sobre os indivíduos.
Tomados da maneira habitual, os efeitos de álcool, cocaína ou mesmo cigarros podem ser tolerados pelo organismo -serão menos sentidos. Na ausência do ritual, a recíproca é verdadeira.
Em caso registrado pela literatura científica, um doente de câncer que recebia um analgésico forte para aliviar a dor sempre pelas mãos da mesma enfermeira morreu de overdose ao tomar a mesma dose do medicamento, dessa vez administrada por outra pessoa.
Além de fornecer pistas para a sofisticação dos tratamentos de dependentes de drogas, a pesquisa de Ramos indica que os efeitos de drogas como o crack são ainda mais imprevisíveis do que o já reconhecido pela pesquisa (leia texto abaixo).
No caso do crack, a constatação é significativa. Levantamentos realizados pela Folha no ano passado mostraram que, em 60% das chacinas, pelo menos um dos envolvidos era consumidor ou traficante da droga.
Isto é, apesar de por si só o dado não relacionar o crime a indivíduos sob o efeito da droga, mostra sua presença em contexto de violência.

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