São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Contexto "influencia" modo de ação da droga

DA REPORTAGEM LOCAL

Essa é uma das conclusões de Bárbara Ramos, do departamento de psicobiologia da USP em Ribeirão Preto (interior de SP), e de Shepard Siegel, da Universidade McMaster, no Canadá.
"Nós nos preparamos para receber a droga quando estamos na presença de 'pistas' que, no passado, assinalavam a sua presença", disse Siegel à Folha.
Segundo ele, com o passar do tempo, o organismo passa a tolerar a droga, independentemente de seus efeitos fisiológicos.
Uma espécie de "reflexo condicionado", cuja idéia foi demonstrada pela primeira vez pelo russo Ivan Pavlov (1849-1936).
Fumar em festas "Um bom exemplo é o que acontece com uma pessoa que costuma fumar em festas. Quando estiver novamente numa festa, sentirá a necessidade de 'administrar' nicotina", disse o pesquisador.
Mas, se as "pistas" mudarem, isto é, se o contexto no qual a droga foi administrada mudar, o organismo pode não saber como reagir e pode entrar em colapso.
"Uma pessoa pode morrer de overdose se o contexto for mudado, mesmo que tome a mesma quantidade", disse Ramos.
Segundo ela, isso é o que muitas vezes acontece: a pessoa não ingeriu uma quantidade muito acima do normal, simplesmente mudou o local onde consumia a droga, ou a situação em que a consumia.
"A tolerância a drogas é reduzida se eliminada a associação entre as 'pistas' e os efeitos que ela causa. Se a associação contribui para a tolerância, o contrário a reduz."
"Um exemplo: às vezes, uma pessoa que vai beber em casa sozinha sente mais os efeitos do álcool do que sentiria se estivesse com os amigos, com quem estava acostumada a beber", diz.

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