São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Pergamenschikow une fronteiras

LUIS S. KRAUSZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma das maiores preocupações do violoncelista Boris Pergamenschikow e do pianista Pavel Gililov é o diálogo e o intercâmbio musical entre ocidente e oriente.
Estes dois músicos ex-soviéticos, radicados na Alemanha, tocam juntos há vinte anos e lecionam na prestigiosa Musikhochschule de Colônia, onde têm alunos de todas as partes do mundo.
Pergamenschikow e Gililov apresentam-se na série de concertos "A Hebraica - Banco de Boston" hoje e amanhã, com dois programas diferentes que, coerentemente com a vocação cosmopolita do duo, trazem música russa, alemã, francesa e húngara.
Com a abertura das fronteiras entre os países há hoje uma marcada tendência à globalização na interpretação musical, que passa a valorizar mais a expressão individual do que os maneirismos e idiossincrasias sedimentados, ao longo dos séculos, em centros como Moscou, Viena ou Paris.
Pergamenschikow e Gililov apostam no enriquecimento mútuo que pode resultar do diálogo entre essas diferentes escolas.
Ocidente
Pergamenschikow atraiu as atenções do mundo da música ao receber, em 1974, o primeiro prêmio no Concurso Tchaikovsky de Moscou. Prontamente convidado a fazer suas primeiras gravações, ao lado das filarmônicas de Leningrado e de Moscou, tornou-se uma das estrelas de maior destaque do cenário musical leste-europeu.
Em 1977 fugiu para a Europa ocidental, descrevendo o mesmo caminho antes trilhado por Vladimir Ashkenazy e Mstilslav Rostropovitch.
Depois de 20 anos no ocidente, o músico é ainda um representante da escola russa, embora a ênfase no brilho virtuosístico se combine, no seu caso, com introspecção e profundidade.
É isso que tem levado a crítica européia a elogiar a extraordinária leveza de sua técnica e seu equilíbrio entre inteligência e emoção.
Gililov recebeu o primeiro prêmio no Concurso Chopin de Varsóvia, realizado em 1975, quando foi comparado a Martha Argerich e Maurício Pollini.
Fugiu para o ocidente em 1978 e, desde então, toca ao lado de orquestras como a Filarmônica de Berlim, e de instrumentistas como Nelson Freire e Bela Davidovitch.
Hoje, o repertório traz as "Variações Concertantes op. 17", de Mendelssohn, a "Sonata op. 119", de Prokofiev, a "Sonata op. 38", de Brahms, e a "Sonata para Violoncelo e Piano", de Debussy.
Amanhã, Pergamenschikow e Gililov apresentam "Phantasiestcke op. 73", de Schumann, o "Duo op. 7", de Kodaly, e a "Sonata op. 99", de Brahms.

Concerto: Boris Pergamenschikow e Pavel Gililov, violoncelo e piano
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Teatro Arthur Rubinstein (r. Hungria, 1.000, Jardim Europa, tel. 818-8888) Quanto: R$ 15 (estudantes), R$ 25 (sócios) e R$ 30 (não-sócios)

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