São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Equipamento ajuda deficiente a dirigir

JOSÉ CARLOS CHAVES
EDITOR DE VEÍCULOS

Brasil tem 2 por cento de pessoas portadoras de deficiências físicas
A Cavenaghi, empresa que adapta carros para deficientes físicos, lança neste mês a Embreagem Computadorizada. Trata-se de um equipamento que permite a troca de marchas sem o uso do pedal de embreagem.
O equipamento visa dois tipos de público: portadores de deficiência na perna esquerda e pessoas que procuram um pouco mais de conforto no trânsito, principalmente em tráfego congestionado, onde o constante pára-e-anda causa cansaço e até dores nas pernas.
O funcionamento é simples. Com a mão na alavanca de câmbio, o motorista aperta um botão, que faz o pedal da embreagem descer automaticamente. Engata a primeira marcha, retira o dedo do botão e acelera normalmente.
À medida que o motor é acelerado, o sistema computadorizado sobe o pedal de embreagem gradualmente, permitindo uma saída suave, sem trancos ou arrancadas.
A Embreagem Computadorizada foi desenvolvida em dois anos e meio e já enfrentou cerca de 7.200 km de testes na cidade, estrada e trilhas de terra, conta o seu criador, Carlos Eduardo Cavenaghi, 29, um dos donos da empresa.
O equipamento vem com painel de controle (com três regulagens de arranque), tem um sistema antifurto, é instalado em qualquer carro, pode ser desligado para uso normal, tem garantia de 18 meses ou 30.000 km e custa R$ 1.580.
Test-drive
Para avaliar a novidade, a Folha convidou duas pessoas para fazer um test-drive num jipe Suzuki Vitara equipado com o dispositivo.
O primeiro a experimentá-lo foi o auxiliar administrativo Marcos Aparecido dos Santos, 24, com problemas de mobilidade na perna esquerda. Santos tem um Gol CLi 96 adaptado com sistema mecânico -em vez de um botão, há uma manopla vertical na alavanca, como um freio de moto ou bicicleta.
Para dirigir, Santos precisa pressionar a manopla, engatar a marcha e soltar aos poucos a manopla ao mesmo tempo que acelera.
Ele diz que, em manobras de estacionamentos, o sistema computadorizado é bem melhor. "Em ladeiras é muito difícil dar ré no meu carro. Com esse é muito mais fácil." Santos avalia que qualquer pessoa pegaria o jeito de dirigir muito mais rápido que no seu Gol.
Ainda assim ele prefere o sistema mecânico, porque gosta de andar mais esportivamente. "Para minha velocidade, o meu é melhor. Mas, para quem anda maneiro, o outro é dez vezes melhor."
A empresária Claudia Casagrande Barban, 27, dona de um Vitara, nunca havia experimentado um sistema similar. Mas gostou. "É quase um câmbio automático. O sistema é dez."
Para ela, o equipamento tem outra vantagem. "Acho a embreagem uma chatice, além de estragar todo o salto dos meus sapatos".

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