São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Jipeiro já perdeu babás

Trilhas viram programa familiar

MARCELO TADEU LIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O lema de muitos jipeiros -quanto pior a trilha, melhor- não é mais exclusivo de um bando de marmanjos.
A paixão incontrolada de enfrentar poeira e lama em altas doses -com pouco ou nenhum conforto, dentro de um jipe- tornou-se um hobby para muitas famílias.
"Acompanhei namoros, casamentos e divórcios no meio do mato", diz Renato Oliveira, 44, dono de um Engesa e de um Willys.
A comerciante Marcia Oliveira Pizzi, 32, campeã do último Raid do Batom (prova de regularidade que reúne mulheres), começou a dirigir jipes quase por acaso. "Foi por causa do meu marido", conta.
Valmir Antonio Pizzi, 35, preferia que Marcia dirigisse um autêntico 4x4 (tração nas quatro rodas). "No fundo, ele tinha medo que eu batesse seu carro."
Os filhos -Everson, 14, Deise, 12, e Wellington, 10- já são aficionados. "Não vejo a hora de participar de um 'raid"', diz Everson.
Porém alguns passeios pelo mato se tornam um "programa de índio". O industrial Antonio Martins, 36, diz que há três anos abandonou um camping de Monte Verde (MG), de madrugada.
"O lugar estava infestado de carrapatos e minhas filhas não paravam de coçar o corpo, aos berros. Olhava minhas pernas e via dezenas de bichinhos andando."
Babá
Contratar e perder babás tornou-se a rotina da família Rocha.
O comerciante Afonso Rocha, 33, conta que adora viajar a lugares de difícil acesso. Em uma viagem à serra da Bocaina (310 km a nordeste de São Paulo), ficou sem a primeira funcionária.
Após caminhadas intermináveis e, à noite, dormir em uma cabana sem luz, a babá perdeu a paciência. "Ela não parou de reclamar em nenhum minuto e, na volta, pediu a conta."
Rocha contratou outra babá. "Essa desistiu na primeira viagem, após passar mal várias vezes por causa dos buracos."

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