São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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Sob pressão, Iraque confirma retirada

País comunica decisão às Nações Unidas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo iraquiano disse estar deixando a área curda do norte do país que suas tropas haviam invadido no sábado.
A informação foi dada pelo vice-premiê do Iraque, Tareq Aziz, ao secretário-geral da ONU, o egípcio Boutros Boutros-Ghali. Não há confirmação independente do início da retirada.
Por conta da invasão, os EUA colocaram suas tropas na região em estado de alerta e enviaram reforços ao golfo Pérsico (leia texto abaixo).
Em outra forma de pressão, a ONU decidiu adiar a implantação do programa que prevê a troca de petróleo por comida, alegando preocupação com a segurança dos inspetores que deveriam ir ao país.
O Iraque sofre várias sanções internacionais desde a Guerra do Golfo, em 1991 -inclusive embargo comercial. A venda de US$ 2 bilhões em petróleo para a compra de comida é uma tentativa da ONU de evitar maiores transtornos à população. Boutros-Ghali não disse por quanto tempo o programa seria adiado.
A ocupação iraquiana se concentrou na cidade de Arbil, de maioria curda. Segundo os iraquianos, a intervenção aconteceu a pedido do Partido Democrático do Curdistão, que se opõe à União Patriótica do Curdistão -supostamente apoiada pelo Irã, adversário regional do Iraque.
Os curdos são um povo muçulmano, mas não árabe, que ocupa principalmente partes da Síria, Turquia, Iraque e Irã.
O governo do Iraque disse que a ocupação de Arbil serviu apenas para evitar que o Irã se instalasse na região. Desde 1991, o Iraque praticamente não tem controle sobre o norte do país, a região habitada pela minoria curda.
Violações aéreas
Outra sanção da ONU ao Iraque é a zona de exclusão aérea ao norte do paralelo 36o -justamente a região curda. Aviões do Iraque são proibidos de trafegar na região, em uma manobra do Ocidente para evitar ataques contra os curdos.
Grupos de oposição ao presidente Saddam Hussein disseram que jatos participaram dos bombardeios a Arbil, o que rompe as determinações da ONU e poderia até levar ao reinício do conflito.
A região de Suleimania também sofreu vários ataques -inclusive aéreos- durante o sábado, segundo a UPC e a ONU.
O Iraque negou os bombardeios à cidade. A cidade é uma das principais bases da UPC.
Também há relatos de que 96 oposicionistas do regime de Saddam Hussein foram assassinados sumariamente pelos soldados iraquianos durante a ocupação de Arbil. Não há nenhum balanço confiável do número de mortos durante os dois dias da ação no norte do Iraque.

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