São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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SINAL AMARELO

A semana passada terminou, do ponto de vista das expectativas de crescimento econômico mundial, com várias duchas de água fria.
O que parecia um ambiente de crescimento moderado nos Estados Unidos, retomada gradual no Japão e lenta saída da crise na Europa se transformou, no intervalo de alguns dias, no cenário quase oposto.
No Japão, autoridades vieram a público esclarecer que o ambiente continua sem clareza. Como os estoques se acumulam e o mercado de componentes eletrônicos está desaquecido, a Agência de Planejamento Econômico, que há algumas semanas anunciava de forma até certo ponto espetacular a retomada do crescimento, inverteu o sinal e anunciou que o horizonte ainda não é animador.
Isso depois de quase um ano de redução dos juros ao seu mais baixo nível histórico: apenas 0,5% ao ano (foi a nona redução em quatro anos).
Nos Estados Unidos, as taxas de juros de longo prazo romperam os 7% ao ano e há praticamente consenso de que o crescimento é excessivo e o FED, banco central, elevará as taxas na reunião marcada para a última semana de setembro.
Ou seja, duas das principais economias do planeta continuam sujeitas a incertezas que, antes de mais nada, referem-se ao ritmo de crescimento.
Na União Européia (UE), as notícias também são pouco animadoras. As tensões políticas na França e na Alemanha estão assumindo tons mais graves com grande velocidade.
Em tela, a opção por políticas de austeridade que permitam o cumprimento da regra segundo a qual os países-membros da UE podem ter déficits nas contas públicas de apenas 3% do PIB. Se houver o ajuste, o desemprego já elevado vai piorar. Se os governos recuarem, as metas da UE ficarão comprometidas, provavelmente ao ponto do adiamento.
Resta a hipótese de todo esse mal-estar não passar de turbulências passageiras. Por enquanto, os dados macroeconômicos projetam sobre o horizonte um enorme sinal amarelo.

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