São Paulo, terça-feira, 3 de setembro de 1996
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Garoto não é Leandro Bossi, diz laudo

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O menino encontrado em Manaus não é Leandro Bossi, desaparecido em 92 em Guaratuba (litoral do Paraná), segundo o laudo do exame de DNA, a que a Agência Folha teve acesso.
O exame foi feito pelo geneticista Salmo Raskin, do Laboratório Genétika, de Curitiba (PR), e deve ser divulgado hoje às 10h pelo secretário de Segurança Pública do Paraná, Cândido Manoel Martins de Oliveira.
Segundo a Agência Folha apurou, o material genético encontrado no sangue do menino é 100% diferente do sangue de João e Paulina Bossi, pais de Leandro.
Foram analisados, pelo menos, sete pontos do material colhido do menino e do casal. Em nenhum deles houve coincidência do código genético, o que exclui a possibilidade de ele ser filho do casal.
O menino está registrado como Diogo Rodrigo Moreira, que teria 10 anos. A idade de Leandro teria de ser 12 anos.
O garoto, reconhecido pelo pescador João Bossi como sendo seu filho Leandro, foi levado por ele de Manaus (AM) no último dia 16 de agosto, acompanhado da Polícia Militar do Paraná e sob autorização da Vara da Infância e Juventude de Manaus.
O menino está há 17 dias morando com Bossi, sua segunda mulher e mais dois filhos em Guaratuba. Ele chama o pescador de pai.
Ângela Regina Moreira, 27, mãe de Diogo, disse ontem em Curitiba que tem certeza de que o menino que está com Bossi é seu filho.
"Tenho certeza de que é meu filho Diogo e não saio daqui sem ele", afirmou Ângela.
Ela mora em Itacoatiara (AM) e chegou a Curitiba no domingo, acompanhada do detetive Walmir Battú, presidente do Interbureau (Bureau Internacional de Buscas a Crianças Desaparecidas).
Novo exame
Ângela Moreira deve fazer hoje exame de sangue no IML (Instituto Médico Legal) para que também seja realizado estudo do DNA. O resultado pode comprovar que ela é a mãe biológica de Diogo.
Ângela criticou as autoridades que permitiram a ida do garoto ao Paraná. "A polícia e a Justiça de Manaus foram muito precipitadas", afirmou ela.
Ângela Moreira disse que ficou sabendo que seu filho estava no Paraná pelo detetive Battú. "Não tenho TV e moro no meio da selva. Fiquei chocada quando soube, porque havia deixado o menino com o pai", afirmou.
Segundo a cozinheira, o menino foi registrado apenas no seu nome porque o pai, Aguinaldo José Santana, não queria a criança.
Ela disse que abandonou o ex-marido há cinco anos e deixou Diogo com ele porque não tinha condições de criá-lo. Ângela Moreira está em Curitiba com duas filhas -Letícia, 5, e Amanda, 2.
Quando foi levado de Manaus, o garoto estava morando com Auxiliadora Araújo, que tentava conseguir sua adoção.

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