São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Governo estuda lançar título de 5 anos

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Tesouro Nacional estuda o lançamento de um novo título público com prazo de até cinco anos, com objetivo de alongar o prazo da dívida interna federal.
Para que esses títulos tenham aceitação no mercado, o governo federal pensa em permitir que os juros pagos pelo papel sejam repactuados periodicamente.
A informação foi divulgada ontem pelo secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Fabio Barbosa, durante o segundo dia do Seminário Internacional sobre Finanças Públicas, em Brasília.
O prazo médio dos títulos do Tesouro -que, no final de julho, somavam R$ 78,264 bilhões- é de quatro meses e meio. A dívida federal total em títulos é de R$ 160,478 bilhões.
Confiança
Na última sexta-feira, o Tesouro conseguiu um alongamento do perfil da dívida, vendendo R$ 600 milhões em LTNs (Letras do Tesouro Nacional).
Os títulos vendidos tinham remuneração prefixada e prazo de 12 meses para resgate, condições inéditas desde a década de 70, segundo informação do governo.
No mesmo dia, o governo vendeu LTNs com prazo de 180 dias a juros de 1,84% ao mês. Os papéis de 12 meses foram vendidos a juros mensais de 1,82%.
Para o governo, a diferença nas taxas indica que o mercado confia na queda dos juros.
Segundo Barbosa, o novo título poderia ter prazo de até cinco anos, nos moldes da NTN (Nota do Tesouro Nacional) série J.
A NTN-J foi emitida para capitalizar o Banco do Brasil e tem seu rendimento repactuado com base no maior lote de títulos do Tesouro Nacional -hoje é a LTN (Letra do Tesouro Nacional), com vencimento semestral.
A capitalização do BB foi decidida após o banco registrar prejuízo de R$ 4,2 bilhões no ano passado.
Barbosa disse que, há um ano, apenas 16% da dívida do Tesouro Nacional tinha custo prefixado (acertado antes do vencimento).
Hoje, segundo ele, esse tipo de título corresponde a 52% do total.
Opções para o mercado
O diretor de Operações de Risco do Banco Icatu, Pedro Bodin, disse que um título similar ao emitido para capitalizar o Banco do Brasil seria bem aceito pelo mercado financeiro.
Bodin sugeriu durante o seminário que o governo ofereça diversas opções de títulos públicos ao mercado. Ele defendeu um título indexado a índices de preços, como havia antes do Plano Real.
Segundo ele, o governo deveria definir a periodicidade dos leilões de títulos públicos e "contratar com urgência" uma agência de marketing para divulgar a venda e os títulos emitidos pelo governo.
Bodin disse que qualquer título chamado de "moeda podre" passa uma imagem negativa. Outro exemplo, segundo ele, é o IDU, título da dívida externa, que em português significa título da dívida vencida e não paga.
O perigo de um título indexado, afirmou Bodin, é a indexação passar para outros mercados além do financeiro. Segundo ele, lançar títulos prefixados com prazo longo teria um custo muito elevado para o governo.
Como não há garantia do que acontecerá dentro de cinco anos, por exemplo, os investidores iriam pedir um rendimento muito alto para correr o risco de aplicar nesses títulos, disse Bodin.
Também se discutiu ontem a transferência para os bancos privados da conta única do Tesouro Nacional no Banco Central. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, disse que essa medida não é prioritária.

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