São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Força ameaça fechar o porto de Santos

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Força Sindical e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo pretendem fechar o Porto de Santos (SP) se o governo não tomar alguma atitude para reverter a tendência de falência do setor de autopeças.
"Vamos radicalizar", declarou à Folha o presidente do sindicato, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
"Podemos colocar 20 mil trabalhadores para fechar o porto e não deixar desembarcar mercadoria importada", acrescentou.
A ameaça será colocada na mesa de negociação com o governo hoje, quando representantes sindicais se reunirem com os ministros Paulo Paiva (Trabalho) e Antonio Kandir (Planejamento).
Cara quebrada
Segundo Paulinho, o setor de autopeças está fechando cerca de 3.000 postos de trabalho por mês desde que houve redução da alíquota do II (Imposto de Importação) 18% para 2%, em junho de 95.
A Força Sindical, central à qual o sindicato comandado por Paulinho é filiado, defende o retorno da tarifa para o patamar de 18%.
A posição também é defendida pelo Sindipeças, o sindicato das empresas do setor.
"Não vou quebrar a cara de novo sem fazer nada", afirmou Paulinho, referindo-se ao golpe no rosto que recebeu da polícia durante a última manifestação de trabalhadores na sede do Ministério da Fazenda em São Paulo. Ontem, ele se submeteu a nova cirurgia.
Durante a reunião com Paiva e Kandir, os líderes sindicais também devem discutir a possibilidade de redução da jornada de trabalho no setor metalúrgico de 44 para 40 horas.
Novo "Proer"
A consequente queda no recolhimento dos encargos sociais deve ser coberta pelo governo, defendem os sindicalistas.
A Força Sindical também quer a criação de um "Proer" para a indústria -uma referência ao programa de socorro aos bancos, que já consumiu R$ 14 bilhões dos cofres públicos.
O novo "Proer" incluiria linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com condições mais favoráveis que as de mercado aos industriais que pretendam modernizar suas fábricas.
Outra proposta atualmente em análise é a extensão do seguro-desemprego por 12 meses para os trabalhadores que se dispuserem a fazer cursos de reciclagem.

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