São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
Texto Anterior | Índice

Brasil e Argentina 'trocam' seus satélites

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Brasil e Argentina selaram seu primeiro acordo de reciprocidade para uso de satélites entre os dois países.
O acordo abre as fronteiras do Brasil para a entrada do satélite argentino Nahuel, que será colocado em órbita em dezembro próximo.
Ao mesmo tempo, abre o mercado argentino para o satélite brasileiro Brasilsat B2, que já está em órbita, e para o B3, que será lançado no final do próximo ano.
Em entrevista exclusiva à Folha , o presidente da Nahuelsat, Eckart Schober, disse que o acordo pode evoluir para o lançamento de um satélite binacional voltado para o Mercosul.
Segundo ele, o acordo entre as duas empresas foi firmado em Buenos Aires, na presença do secretário executivo do Ministério das Comunicações do Brasil, Renato Guerreiro, do secretário de Comunicações argentino, German Kammerat, e do presidente da Telebrás, Fernando Xavier.
A parceria da Embratel com a Nahuelsat já havia sido tentada em 1992, quando a estatal brasileira chegou a assinar uma carta de intenção para se tornar sócia do satélite argentino. A negociação, na época, foi cancelada por decisão do governo brasileiro.
Consórcio
O Nahuel é um projeto de US$ 250 milhões, financiado por um consórcio internacional liderado pela Daimler Benz (Alemanha), Aerospatiale (França) e Alenia (Itália), que têm 50% das ações com direito a voto da Nahuelsat.
Participam ainda do projeto dois grupos argentinos -Banco da Provincia de Buenos Aires e o fundo de investimentos Bisa-, o Banco Mundial (através do IFC) e a telefônica uruguaia Antel.
A parceria com a empresa argentina interessa à estatal brasileira porque o Nahuel foi projetado para atender ao mercado de TV paga por miniparabólicas, um serviço que não está disponível nos satélites Brasilsat.
Enquanto os satélites brasileiros foram projetados para serviços de telecomunicação, que requerem grandes antenas parabólicas, o Nahuel foi desenhado para transmitir sinais em alta frequência (sistema chamado Banda Ku), que podem ser captados por antenas parabólicas de 60 cm de diâmetro.
Em abril deste ano, o Ministério das Comunicações deu concessão para os dois sistemas de TV paga via satélite por miniparabólicas -DirecTV, do grupo Abril, e Sky, das Organizações Globo- via satélites norte-americanos.
Os satélites -Galaxy 3R e Panamsat 3- foram autorizados sem exigência de reciprocidade por parte do governo dos Estados Unidos. O acordo com a Nahuelsat mostra que esta prática mudou, a partir de agora.

Texto Anterior: Bovespa acompanha o mercado externo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.