São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996 |
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"O Rei do Gado" une Jobim a sertanejos
ARMANDO ANTENORE
Os dois artistas, que lançaram álbuns em novembro, abocanharam juntos 3 milhões de compradores. Cada cantor vendeu 1,5 milhão de cópias -quase o mesmo que a trilha da novela. A diferença é que precisaram de 10 meses para atingir a marca, enquanto "O Rei do Gado" a alcançou em pouco mais de 60 dias. O disco da Som Livre também leva vantagem quando o parâmetro são os Mamonas Assassinas, fenômeno do ano passado. O único CD da banda permaneceu quatro meses no varejo até vender 1 milhão de cópias. "O Rei do Gado" ficou quatro semanas. Mistério "Não acredito que outro lançamento de 96 consiga superar o desempenho da trilha", afirma Manuel Camero, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos. O executivo arrisca a tese mesmo considerando que, ontem, desembarcou nas lojas o novo álbum de Zezé di Camargo & Luciano. A dupla figura, há algum tempo, entre os best sellers do mercado fonográfico nacional. Com ou sem concorrente à altura, o fato é que "O Rei do Gado" já rendeu à Som Livre um faturamento de aproximadamente R$ 11 milhões. "Não tenho nenhuma explicação convincente para o sucesso", diz João Araujo, diretor-geral da gravadora. "Se soubesse a fórmula, todos os nossos discos alcançariam resultados semelhantes." Araujo defende que a trilha de uma novela só cai no gosto dos telespectadores quando há "um casamento perfeito" entre personagens e canções-temas. "Mas não me pergunte o que faz um casamento perfeito. É um mistério -como na vida real", despista. O autor da novela, Benedito Ruy Barbosa, bate na mesma tecla. "Ninguém tem varinha de condão para descobrir o que vai dar certo. De minha parte, sempre me guiei pelo coração. Se a música emociona, deixo que entre na trama." O escritor ajudou a selecionar as 14 faixas que compõem a trilha de "O Rei do Gado". A última palavra, porém, ficou com Mariosinho Rocha, diretor musical da Globo. O produto final denuncia claramente a ambição de agradar gregos e troianos. Há de tudo no álbum. Quem aprecia pop rural achará Leandro & Leonardo, Chitãozinho & Xororó e Zezé di Camargo & Luciano. Os fãs do sertanejo tradicional poderão escutar Jair Rodrigues em "Vaqueiro de Profissão". Às tietes de Roberto e Erasmo Carlos, o disco traz a versão de Roberta Miranda para "Eu Te Amo". Os ouvidos mais sensíveis encontram eco na faixa de número 6, que oferece Djavan cantando "Correnteza", clássico de Tom Jobim e Luiz Bonfá. A trilha ressuscita, ainda, uma preciosidade de Zé Ramalho, "Admirável Gado Novo". E dá espaço para talentos emergentes. É o caso de Chico César, que assina "À Primeira Vista", interpretada por Daniela Mercury. É também o caso da Orquestra da Terra. O grupo vocal se formou recentemente para gravar o tema que abre a novela. Marcelo Tranquilli Barbosa escreveu a música, sob encomenda, com os parceiros Luiz Schiavon e Nil Bernardes. Os três retratam bem a heterogeneidade que impera no disco. Marcelo é publicitário e filho de Benedito Ruy Barbosa. Schiavon já emplacou sucessos como tecladista da banda de rock RPM. E Bernardes se orgulha de ter composto canções para Tonico e Tinoco. Texto Anterior: Igreja veta "A Última Tentação" Próximo Texto: Os campeões de venda Índice |
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