São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Guerra de 1991 custou poucas baixas americanas

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A Guerra do Golfo custou US$ 45 bilhões aos países aliados contra o Iraque, matou 177 militares da coalizão e cerca de 85 mil soldados e civis iraquianos, mas não tirou Saddam Hussein do poder.
Quando decidiu devolver à força a autonomia do Kuait, invadido pelo Iraque em 2 de agosto de 1990, o governo dos EUA contava com mais vítimas entre suas tropas: 16.099 sacos para transporte de cadáveres foram enviados para a Arábia Saudita.
Mas, para a surpresa de quase todo o mundo, as forças iraquianas praticamente não ofereceram resistência ao ataque dos aliados, iniciado pelo ar em 17 de janeiro de 1991. Em 26 de fevereiro, após cem horas de combates em terra, o Kuait estava sob controle aliado.
A operação Tempestade no Deserto foi um grande sucesso militar e político para o governo dos EUA.
Sem gastar muito dinheiro (a conta quase inteira foi paga pelos outros aliados), o então presidente George Bush alcançou os mais altos índices de popularidade da história presidencial do país e o general Colin Powell, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, chegou ao estrelato nacional.
O êxito, em grande parte, se deveu ao fato de o número de vítimas ter sido tão pequeno entre os militares norte-americanos.
Aconselhado por Powell, um dos comandantes mais prudentes da história militar dos EUA, Bush resolveu não se arriscar e decidiu não avançar sobre Bagdá depois de ter retomado o Kuait.
As Forças Armadas iraquianas tiveram grandes prejuízos com a guerra: 141 aviões foram destruídos e 137 levados para o Irã por seus pilotos; 3.080 tanques foram perdidos e 73 navios afundados.
O país também tem sofrido muito com as sanções econômicas impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 7 de agosto de 1990 (cinco dias após a invasão do Kuait) e em vigor até hoje.
A economia está destroçada, racionamentos de comida continuam sendo implementados e, segundo vários relatos independentes, o moral coletivo da população está muito baixo.
Desde 27 de agosto de 1992, aviões do Iraque não podem voar em duas zonas de exclusão aérea criadas por decisão trilateral de EUA, Reino Unido e França, com base em interpretação da resolução 688 da ONU, a qual manifestava preocupação com o futuro das minorias xiita (no sul do Iraque) e curda (no norte), que haviam se rebelado contra o governo central em março de 1991.
Mas Saddam Hussein se manteve no poder e foi capaz de reconstituir boa parte do seu poderio militar, agora usado contra os curdos.
Escaramuças bélicas entre EUA e Iraque continuaram a ocorrer depois do cessar-fogo de 28 de fevereiro de 1991. Em 13 de janeiro de 1993, Bush ordenou ataques aéreos contra quatro bases militares no sul do Iraque, que havia mobilizado tropas em direção ao Kuait.
Uma semana depois, quando Bush passou a Presidência a Bill Clinton, Hussein se declarou mais uma vez vitorioso: o inimigo perdera o poder, e ele não.
(CELS)

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