São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996 |
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Unesco usa Brasil como exemplo
PAULO SILVA PINTO
A tolerância racial, cultural e religiosa no país é considerada um exemplo para o diretor-geral da instituição, o espanhol Federico Mayor, 62. Ele chegou ontem ao Rio para entregar o primeiro prêmio "Prefeitos para a Paz" a Gloria Cuartas Montoya. Prefeita de Apartado, na Colômbia, ela conseguiu formar um conselho comunitário há seis anos que diminuiu a violência na cidade, apesar da guerrilha e do tráfico de drogas. A seguir, os principais trechos da entrevista. * Folha - Qual a ação da Unesco para a paz? Federico Mayor - Começamos já a trabalhar em situações de pós-conflito. Intervimos em El Salvador, Moçambique, Filipinas e na Bósnia-Herzegóvina. Temos também ações pré-conflito, no Burundi, por exemplo, para evitar uma confrontação étnica. Folha - Como se resolvem conflitos étnicos? Mayor - Não há melhor pedagogia que os exemplos. Tratamos, por meio das escolas, livros didáticos e meios de comunicação, de persuadir os cidadãos empurrados a uma situação de conflito. Mostramos que há lugares, e o Brasil é um dos exemplos, como o Senegal, onde podem viver cristãos, muçulmanos, brancos e negros. A melhor maneira é utilizar os mesmos meios dos que incitam ao genocídio, como o rádio, por exemplo. Eu mesmo trabalhei como locutor. Folha - Onde o sr. usou o exemplo do Brasil? Mayor - Na África e na Bósnia. Porque o Brasil é uma referência tanto genética quanto cultural e religiosa. É um exemplo mundial de convivência e tolerância. Folha - Mas não é paradoxal usar com exemplo um país com tanta violência urbana, de certa forma racial, como o Brasil? Mayor - O Brasil tem que melhorar a distribuição de renda. Todos temos que fortalecer os sistemas judiciários para que sejam rápidos e eficazes, além dos sistemas de segurança. Texto Anterior: Unimep antecipa vestibular e vai dar resultado em dezembro Próximo Texto: Prefeitura de SP muda data e faz mostra de ensino antes da eleição Índice |
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