São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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Tarifas públicas impedem deflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A taxa de inflação despencou em agosto em São Paulo.
Segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), os preços subiram apenas 0,34% para os paulistanos -a menor taxa desde março. Em julho a alta foi de 1,31%.
Não fossem os reajustes das tarifas públicas, a Fipe teria registrado deflação, o que não está descartado para setembro.
Desde junho de 1957 que a Fipe não registra deflação.
As tarifas que pressionaram o índice foram água e esgoto (11%), passagem intermunicipal (9,1%) e gás de botijão (12,7%).
O outro item de pressão foi aluguel, que, sozinho, representaria taxa de inflação de 0,27% no mês passado.
Apesar de liderar os aumentos do mês, os aluguéis tiveram reajuste médio abaixo do previsto, que era de 5%.
Contratos novos
Agosto é um mês de grande concentração de renovação dos contratos, o que puxa a média de reajuste do setor para cima.
Mesmo com a pressão desses quatro itens, a taxa de inflação foi puxada para baixo pelos demais setores. Os alimentos, apesar da chamada entressafra deste período do ano, caíram 0,29%.
Os alimentos industrializados, devido às quedas de açúcar e de café em pó, ficaram 1,07% mais baratos para os paulistanos.
Os produtos semi-elaborados ficaram estáveis, o que marca pressão menor da carne bovina em relação aos meses anteriores.
Já os alimentos "in natura", devido à maior oferta de produtos, caíram 0,49% no mês, segundo pesquisa da Fipe.
Roupas e alimentos
No setor de vestuário a queda de preços foi mais acentuada do que em julho. Em agosto os paulistanos pagaram em média 2,26% menos pelos produtos do setor. Em julho a queda foi de 1,6%.
A taxa de inflação acumulada neste ano é de 8,76%. Os contratos e tarifas públicas são os grandes responsáveis por essa taxa, enquanto alimentos e vestuário foram os itens que mais impediram aceleração da taxa no período.
A inflação média mensal de janeiro a agosto foi de 1,06% no município de São Paulo. Nos próximos quatro meses, a taxa média deve ficar abaixo desse patamar.
A Fipe divulgou ontem que a inflação acumulada no Plano Real foi de 58,49%.
Entre os grandes vilões da inflação no Real estão as tarifas e contratos. O aluguel mantém liderança isolada, acumulando 492,8% nos últimos 26 meses.
Defasados devido aos vários planos anteriores em que o governo impunha normas específicas de reajustes para o setor, os aluguéis foram reajustados com taxas elevadas nos dois primeiros anos do Real. Atualmente os reajustes de contratos já estão mais próximos da inflação média do período.
Como em todos os planos, os serviços sempre são reajustados bem acima da média de preços. Foi o que ocorreu também no Plano Real com os serviços médicos, que acumulam alta de 119,3% para os paulistanos desde julho de 1994.
Preço da educação
Outro setor de destaque foram as escolas, onde as matrículas e mensalidades escolares já atingem reajustes de 114,8%.
Os grandes perdedores no período foram as roupas de mulher, que caíram 8,54% no período, e de homem (-0,53%).

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