São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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"Fragmentos" comenta lembranças

KATIA CANTON
ESPECIAL PARA A FOLHA

Memória, história, passado são conceitos cada vez mais contundentes na produção contemporânea. Numa era de transição de século, o chamado cenário da pós-modernidade pede uma revisão de valores artísticos e humanísticos.
"Fragmentos da Memória", como a coletiva de obras das cariocas Jacqueline Adam, Conceição Rodrigues e Angela Freiberger foi batizada, não toma o termo exatamente como uma revisão autobiográfica.
Particularmente nos casos de Adam e Rodrigues, duas pintoras cuja grande preocupação é a discussão matérica, a idéia de memória fica por conta de um clima nebuloso, evocado pelas imagens.
Jacqueline Adam constrói paisagens que parecem escondidas sob um vidro translúcido, com cores terrosas e nuances de claro-escuro.
Conceição Rodrigues homenageia o branco. Sobre ele pinta leves fragmentos de objetos que parecem aludir à memória fraca dos fatos.
Angela Freiberger, além de usar tridimensionalidade, também é uma artista conceitual. "O material resolve plasticamente um conceito", afirma.
O material, no momento, é o gesso. Numa das séries, ela usa nove sacos de lixo de 15 litros e nove sacos de 30 litros, que foram enchidos de gesso. Com a retirada do saco, após a secagem, sobram as texturas imprimidas no branco.
Essa mesma idéia da impressão sobre algo que falta é repetida em 12 toucas de banho de plástico. Só que os moldes de gesso ganham os relevos conseguidos pelos plásticos.
"Lágrimas de Gesso" são gotas produzidas com o molde de bexigas infantis. "São as lágrimas que já chorei em relação ao gesso que já usei", diz Freiberger.
Junto com as gotas, a artista fez placas de gesso com o nome de pessoas que a emocionaram. Para fechar a pesquisa, Freiberger volta ao começo: apresenta sacos de plástico com gesso em pó.

Exposição: Fragmentos de Memória
Quando: hoje (abertura), às 21h; de seg. a sex., das 10h às 19h. Sáb, das 11h às 14h; até 25 de setembro
Onde: galeria Valu Oria (al. Gabriel Monteiro da Silva, 1403, tels. 883-0811/881-9703)
Quanto: entrada franca

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