São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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Brasileiros ficam indiferentes a Lou Reed

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O Brasil comprova a pequena popularidade que tem acompanhado o norte-americano Lou Reed, 54, em sua carreira desde o advento da mítica banda Velvet Underground, há 31 anos.
Não houve qualquer histeria de público em sua chegada ao aeroporto. E nenhum fã apareceu anteontem no hotel Intercontinental, em que está hospedado.
Oscilando entre o mau e o bom humor, Reed mantém secreta sua opinião sobre o Brasil, onde faz shows no Rio (hoje e amanhã) e em São Paulo (segunda e terça). Ainda há ingressos para todos os shows.
Perguntado sobre o Rio em entrevista coletiva anteontem à noite, afirmou: "Não posso dizer nada, porque não passeei".
A Folha apurou, no entanto, que Reed saiu para almoçar numa churrascaria próxima ao hotel e comeu fartamente, segundo pessoas que o acompanharam.
Depois, voltou a pé para o hotel.
No caminho, foi a um shopping e comprou charutos, uma bola de futebol de salão e sais de banho. Reed não saiu do hotel à noite.
Música e assuntos pessoais
Entusiasmo, Lou só demonstra ao falar sobre música. "Sou feliz e sortudo por poder fazer e poder sobreviver fazendo", disse.
Não se furta também a discutir o rock. "Tento fazer uma música que chamam de rock'n'roll, mas acho que seria melhor chamada Lou Reed music. Nunca quis fazer música para adolescentes."
Mais temperamental se mostra em relação a assuntos pessoais. Avisou que se retiraria imediatamente se fossem feitas perguntas de caráter pessoal.
Mas chegou ostentando um band-aid na veia do braço direito, remetendo a canções sobre drogas do Velvet, como "Heroin". Parecia querer provocar perguntas pessoais, mas ninguém se atreveu.
Quanto ao pop atual, oscila mais uma vez entre o cínico e o sincero: "Eu amo tudo! Acho que tudo é fantástico!".
Mas não deixa de reconhecer a própria importância: "Sou o rei da música alternativa. Sem mim ela não existiria", disse.
Afirmou não considerar seriamente seu trabalho como ator de cinema. "Mas gostaria agora de fazer um western, como Bob Dylan fez", disse.
Elogiou a inclusão de sua "Perfect Day" (72) em "Trainspotting". "Compus há muito tempo, nem lembro por quê. Mas é uma das minhas favoritas, adorei que tenha entrado no filme."
Quanto aos shows, Lou é evasivo. "Não quero falar antes. Vai ser uma mistura entre minhas músicas antigas e as do novo disco."
Colaborou Cristina Rigitano, da sucursal do Rio

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