São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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Mais de 90% das crianças vão à escola

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A educação do país está melhorando. Hoje, mais de 90% das crianças de 7 a 14 anos vão à escola. Isso representa um aumento de 450 mil alunos de 93 para 95.
Mas o país continua com números catastróficos na área educacional. Nessa mesma faixa etária, estavam fora da escola no ano passado 2,7 milhões de crianças.
Os dados reafirmam uma posição que vem sendo sustentada por educadores desde o final da década passada: o problema da educação não é mais de construção de escolas, exceto em alguns bolsões de pobreza já bem conhecidos.
Na zona rural do Nordeste, por exemplo, 20% das crianças de 7 a 14 anos estão fora da escola. Ao todo, os nove Estados do Nordeste "devem" 1,4 milhão de vagas.
A região Sudeste, com seu grande contingente populacional, é responsável por outras 700 mil crianças sem escolas. Mas apresenta o melhor indicador do país em escolaridade (93,6%).
Juntos, Nordeste e Sudeste respondem por 78% do déficit educacional de 1º grau.
Instrução
Na outra ponta, baixou (0,9%) a proporção de pessoas com 10 anos ou mais de idade que têm um ano ou menos de instrução -as literalmente analfabetas.
Entretanto, mais de um terço dos brasileiros com 10 anos ou mais de idade pode ser considerado analfabeto funcional -expressão que define quem teve menos de quatro anos de estudo.
No ano passado, o Brasil tinha 45 milhões de pessoas nessa categoria. Em geral, não lêem jornais ou livros, mal sabem fazer contas e, quando buscam emprego, tendem a arrumar um trabalho braçal, com baixa remuneração.
Apesar disso, a faixa do analfabetismo funcional é uma das que demonstraram melhor evolução em dois anos: de 39% para 37%.
O resultado é que, nesse período, mais de meio milhão de pessoas (algo como a população de Osasco) entrou no que se convencionou chamar de "mundo letrado".
O IBGE repetiu, ao divulgar a síntese dos indicadores da Pnad-95, o erro cometido no ano passado com o resumo dos resultados de educação do Censo-91: desprezou o recorte de idade tradicionalmente aceito no meio educacional para aferir analfabetismo.
Órgãos internacionais, como a Unesco, classificam como analfabetas pessoas com mais de 15 anos de idade que não saibam ler nem escrever. Esse recorte ainda não foi apresentado -o que dificulta comparações com outros países.

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