São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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FHC promete 'recompensa' ao setor rural

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "os que trabalham no campo pagaram um preço alto" pela estabilidade da moeda e que chegou a hora de definir políticas que permitam sua "recompensa".
Referindo-se aos sem-terra, FHC afirmou que não vai aceitar a "desordem", mesmo em "nome de uma causa justa". "Não adianta ocupar prédio porque eu não vou consentir isso. Não vou consentir mesmo porque sou representante eleito legitimamente pelo povo para manter a democracia."
As declarações foram feitas durante discurso de lançamento de programas de reformulação da política agrícola no Brasil.
FHC afirmou que as instituições do país não foram preparadas para atender ao pequeno e que é preciso dar "capilaridade" aos recursos para que cheguem "na ponta".
"Isso é dificílimo, não por falta de vontade política. Quem fala em vontade política não tem noção da realidade. Estão saudosos do autoritarismo", concluiu.
O presidente assinou ontem decreto criando o Prima (Programa de Reorientação Institucional do Ministério da Agricultura), que vai definir as ações de reformulação do ministério.
Foram anunciados ainda o lançamento da campanha Agricultura Real, a descentralização do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e a criação do FNA (Fórum Nacional de Agricultura).
O ex-presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) Francisco Graziano, atual secretário da Agricultura de São Paulo, foi à cerimônia.
É sua primeira aparição pública no Planalto desde que foi forçado a pedir demissão, em 1995, acusado de envolvimento em "grampo" em telefones do embaixador Júlio César Gomes dos Santos, ex-chefe do cerimonial da Presidência.
Recados
Na solenidade, FHC aproveitou para mandar recados aos críticos de seu governo, sem identificar os alvos dos seus ataques.
"Demos também estabilidade política ao país (...) sem estar preocupados com o nhenhenhém, como eu digo, de gente que não tem o que fazer e dá notícias no jornal, falsas muitas vezes, simplesmente para aparecer."
Sobre a estabilização econômica, disse que é possível vê-la pelo resultado da inflação no mês de agosto, com "0,30 e poucos por cento de inflação, índice recorde".
Ele também criticou organizações não-governamentais que enviaram uma carta ao Planalto contra o decreto que permitiu contestações das áreas indígenas.

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