São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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Sérgio Motta é a Marlene Mattos do presidente?

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Você assistiu ao monólogo do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, segunda, no programa "Jô Soares Onze e Meia", ó leitor que paga seus impostos em dia? Digo monólogo porque o ministro não deixou seu tarimbado anfitrião abrir a boca. Pois confesso que não consegui suportar a entrevista na íntegra, tamanha a aflição que tive de que o ministro sofresse um piripaque bem ali, na frente das câmeras. Bate na madeira, claro. Só me falta ser acusada pelo Ibama de tramar contra tucanos...
Ainda assim, espero que Sérgio Motta não administre o Ministério das Comunicações como trata da própria saúde. Alô, Serjão! Te cuida, homem! Obeso com ponte de safena não pode se dar ao luxo de querer se sagrar campeão mundial da ansiedade!
E que história é essa de dizer que malufar é sinônimo de roubar? Que eu saiba, malufar significa votar no Maluf ou no iogurte, digo, candidato do Maluf. Mas essa interpretação particular foi uma das únicas novidades na conversa de mão única com Jô Soares.
Nenhuma das outras acusações feitas ao prefeito prima pela originalidade. Toda vez que Maluf ou um malufista se destaca nas pesquisas de uma campanha eleitoral seus adversários lançam mão de acusações como as perpetradas por Serjão no programa do Jô.
A diferença, dessa vez, é que Sérgio Motta é a Marlene Mattos do presidente da República e, quando abre a boca para soltar petardos contra quem quer que seja, se presume que Fernando Henrique esteja usando Motta como boneco de ventríloquo.
Mas será que Motta é mesmo uma Marlene Mattos? Há alguns anos, passei uma semana no Rio com Xuxa e Marlene, fazendo uma reportagem.
E pude constatar que Marlene não passa de uma dedicada funcionária. Assume o papel de truculenta para poupar a chefe. Faz o, digamos, serviço sujo, para que Xuxa não seja acusada de megera.
Não me parece que essa seja a função de Sérgio Motta, um sujeito que coloca a saúde em xeque para defender seus pontos de vista. Pode ser amigo e sócio do presidente, mas, na minha modestíssima opinião, a brutalidade verbal de Serjão não casa com o temperamento de FHC. Se o ministro é um "Volks com motor de Maserati", FHC é um Volvo com motor de Suzuki Swift.

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