São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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O jab dez anos depois

WILSON BALDINI JR.

Nenhuma vez em sua carreira Mike Tyson teve a oportunidade de olhar seu adversário de cima para baixo na apresentação antes do combate. Somente depois da luta, após conseguir um nocaute.
Com apenas 1,81 m, ele é considerado pequeno para os gigantes que reinam na principal categoria do pugilismo.
Em luta válida pelo título dos pesos-pesados, amanhã, contra Bruce Seldon, será a segunda vez que o "Iron Man" terá um oponente praticamente da mesma altura.
Depois de massacrar Trevor Berbick (1,83 m) e tornar-se o mais jovem campeão dos pesados, em 86, Tyson só enfrentou "jogadores de basquete em potencial": Tony Tucker e Tyrell Biggs (1,98 m), Carl Williams (1,95 m), James Smith (1,93 m), Frank Bruno (1,91 m) e Larry Holmes (1,90 m).
Talvez por isso ele seja tão criticado pela sua "falta de estilo e técnica", pois não consegue "bailar" ou "jogar o boxe" como faziam outros campeões.
Besteira, porque é impraticável para ele disputar jabs (golpe preparatório que abre a guarda do adversário) com sua envergadura.
Em dezembro de 1985, na sua 15ª luta, Tyson enfrentou Mark Young (1,82 m), que, na época, era apontado como um dos únicos capazes de derrotar o jovem demolidor. Bobagem. Depois de tentar boxear na média distância e trocar jabs, caiu fulminante ainda no primeiro round.
Bruce Seldon (1,82 m) tem como seu principal golpe o jab de esquerda, que é forte e bem colocado. Mas não terá como aliada uma maior envergadura. Tyson sabe como poucos esquivar-se de um jab, e o braço direito de Seldon não protege o rosto de maneira correta, propiciando o contra-golpe de Tyson.
Quem espera uma luta rápida e com vitória de Tyson não terá surpresa. Mas irá se surpreender com Seldon, que será derrotado e sairá machucado. Mas com a cabeça erguida.

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