São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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Erundina estudou para mudar

VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Oba, quanta bandeirinha, eu quero adesivo!", gritavam algumas crianças. Outra dizia: "Eu quero entrevistar porque, quando crescer, quero ser artista. Vou treinando".
"Eu que inventei a pergunta do preconceito, eu quero fazer." A disputa era grande para saber quem faria o quê na entrevista com Luiza Erundina, 64, do PT.
*
Folhinha - Na sua infância, a senhora gostava da escola?
Erundina - Claro. Sou filha de uma família pobre, de camponeses, e venho de uma região pobre, o Nordeste.
Desde criança -5 ou 6 aninhos-, já percebia as coisas como se eu fosse adulta porque percebia que meus pais estavam sofrendo. E eu sofria junto. Daí eu vi no estudo um meio para -quem sabe- mudar aquela situação, não só da minha família, mas também a de meus vizinhos.
Eu percebia que algo tinha de mudar e achava que o estudo era um meio para isso.
Folhinha - O que a senhora sentiu quando se candidatou pela primeira vez no meio de tantos homens?
Erundina - Sem dúvida nenhuma nós mulheres não conquistamos ainda o espaço a que nós temos direito na sociedade, assim como na política. Para nós mulheres da política é exigido muito mais do que é exigido dos homens.
Folhinha - É por a senhora ser nordestina?
Erundina - Claro. Já imaginou ser mulher, nordestina e do PT? Sem dúvida senti preconceito porque sou mulher e de origem humilde.
(VS)

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