São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996 |
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American Ballet Theatre mostra versatilidade
ANA FRANCISCA PONZIO
Desde 1965, quando deu seus primeiros passos como coreógrafa, Tharp vem surpreendendo e deleitando o público com a inventividade de suas criações (quem viu jamais esquece de obras como "Push Comes to Shove", "In the Upper Room" ou "Nine Sinatra Songs"). Neste final de século, Tharp integra o rol de coreógrafos (como Forsythe e Kylian) que fazem da técnica clássica a mais arrojada das expressões. Em "The Elements", ela não descarta sequer as sapatilhas de ponta. A partir do instrumental clássico, Tharp vem criando as mais complexas estruturas de movimentos, às quais também incorporou outros vocabulários, retirados da dança moderna e do jazz, somados a um brilhante senso musical e espacial. Sem preconceitos, se deteve em fontes eruditas e populares para formular suas danças. Desafio Chegou, inclusive, a trabalhar com um mestre em patinação para melhor compreender a velocidade e o deslizamento -duas características de suas coreografias. Disposta a absorver conhecimentos para depois subvertê-los, foi criando uma linguagem própria que hoje a distingue, sem dúvida, como a melhor coreógrafa norte-americana viva. Produto de uma inteligência madura, "The Elements" revela o depuramento atingido pela soma de experiências da artista. Em seu frenesi cinético, a coreografia apresenta-se como um desafio constante às leis estabelecidas do balé. Num jogo de contrariedades e inversões, que no entanto sempre chega ao equilíbrio, Tharp alterna caos e ordem. Com "The Elements", prova que atingiu o domínio da desconstrução. Em sua empreitada criativa, Tharp suprime temas, histórias ou adereços cênicos. Sem artificialismos, sua dança faz do movimento um recurso pleno e inesgotável. Versatilidade Ao dançar "The Elements", o elenco do ABT demonstra sua versatilidade. No programa em cartaz em São Paulo, seus excelentes bailarinos mostram que são capazes de passar, com naturalidade, de uma obra de Tharp para outra de Balanchine. Ou ainda, interpretar o acadêmico pas-de-deux de "O Corsário" com frescor único, concedido pelo talento de jovens bailarinas como Susan Jaffe. Espetáculo: American Ballet Theatre Quando: hoje, às 15h e 20h30 Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, região central de São Paulo, tel. 222-8698) Ingressos: R$ 20,00 a R$ 150,00 Texto Anterior: Crianças do PR lançam 1ª ópera infantil Próximo Texto: ABT traz estrela argentina a SP Índice |
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