São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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Corman disseca Capone

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O leitor de jornal pode comparar "O Massacre de Chicago" (Telecine, 6h30) a uma boa reportagem, pois é bem disso que se trata.
Roger Corman reconstituiu as guerras de gangue nos EUA da Lei Seca buscando o que procuram os jornalistas: aliar precisão nos fatos, capacidade narrativa e construção de uma atmosfera.
Estamos em Chicago, 1929, época da Lei Seca. Bugs Moran e seu grupo contestam Al Capone. Este prepara sua resposta, um terrível massacre.
Corman carrega as tintas na composição de Capone (Jason Robards, numa composição notável, só superada por De Niro em "Os Intocáveis", de De Palma). Recusa-lhe qualquer cerebralidade, representa-o como um demente.
Nenhuma interpretação dá conta da verdade. Seu limite consiste em investir o fato de uma verdade parcial, de um olhar.
A virtude deste filme está em, ao mesmo tempo, narrar um fato e construir esse olhar, aniquilando a distância que existe entre nós (seja em 1966, quando foi feito, seja hoje) e os acontecimentos.
Corman tem "O Massacre de Chicago" na conta de seu melhor filme. Pode não ser ("O Homem dos Olhos de Raio-X" é imbatível), mas não fica longe.
(IA)

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