São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arafat se diz satisfeito com reunião

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, mostrou ontem em Roma que está satisfeito com os rumos que o processo de paz do Oriente Médio tomou após seu encontro com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.
"O mais importante é que continuemos a implementação daquilo que começamos", disse.
Arafat está na Itália para se encontrar com o presidente do país, Oscar Luigi Scalfaro, com o premiê Lamberto Dini e com o secretário de Estado do Vaticano, dom Angelo Sodano.
Sua visita acaba amanhã. Arafat não se encontrou com o papa João Paulo 2º, que está de férias, mas pode reunir-se com membros da comunidade judaica de Roma. O relacionamento entre judeus romanos e palestinos é tenso desde que, em 1982, um atentado a uma sinagoga matou um menino de dois anos.
O chanceler de Israel, David Levy, também está em Roma. Ele pareceu menos otimista que Arafat em relação ao encontro de quarta-feira. Levy voltou a usar o argumento de campanha do direitista Netanyahu: o processo de paz vai continuar, mas a segurança de Israel é a prioridade.
"Claro, (a negociação) será baseada na realidade da luta contra o terrorismo", disse Levy. O chanceler e o presidente da Autoridade Nacional Palestina não se encontraram em Roma.
Levy voltou a pedir que dirigentes estrangeiros se reúnam com Arafat na Casa do Oriente, sede palestina no leste de Jerusalém (região disputada entre palestinos e israelenses).
"Quando alguém quer encontrar Arafat, deve ir vê-lo em sua residência, em Gaza. É importante esclarecer isso para que não haja ingerências no caminho da paz."
O premiê Netanyahu também deu mostras de que não se sentiu à vontade no encontro com Arafat. "Não foi fácil", disse ao Comitê Central do partido Likud, ao qual é filiado.
O encontro foi considerado frio. Teve dois apertos de mãos, um deles rápido demais para ser fotografado e outro de quatro segundos. Não houve resultado prático, mas marcou o reinício do processo de paz, adiado desde a posse de Netanyahu, em junho. Ontem, Netanyahu disse a seus colegas de partido: "Lamentavelmente tive de celebrar o encontro".
"Os líderes não são eleitos para as horas fáceis, mas para as difíceis e para garantir suas promessas aos eleitores. Minha promessa foi alcançar a paz e a segurança para Israel", disse Netanyahu.
A conclusão dele é que, para que Israel mantenha a segurança, não pode haver um Estado palestino independente, "mas a continuação da autonomia palestina".
Ele criticou o ex-premiê Shimon Peres, seu adversário, que deve se encontrar novamente com Arafat hoje, em um congresso no norte da Itália: "Ele pode sonhar todas as noites com um Estado palestino, mas continuará acordando e vendo que ele não existe nem existirá", disse Netanyahu.
Rabin
A viúva do premiê Yitzhak Rabin, Leah, disse ontem que o encontro entre Netanyahu e Arafat mostra que o assassinato de seu marido, em novembro do ano passado, foi "um sacrifício inútil".
Rabin iniciou o processo de paz com Arafat.
"Yithzak Rabin foi condenado e insultado por suas políticas e finalmente assassinado. Agora, eles aí estão eles, dando-se as mãos."
Logo após o assassinato de Rabin, Leah chegou a acusar Netanyahu de criar o clima de divisão no país com suas críticas ao processo baseado na troca de terras por paz definitiva com os palestinos.

Texto Anterior: Descobertas contas secretas de Hitler
Próximo Texto: Vice pede saída do presidente Samper
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.