São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
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Umbigos turísticos

ANTONIO CARLOS DE FARIA

Rio de Janeiro - É ditado antigo dizer que Deus dá asas para quem não sabe voar. A providência, seja divina ou casual, deu ao Rio uma beleza incomparável e há cinco séculos os cariocas não sabem o que fazer com ela.
Quem acompanha a disputa pela Prefeitura do Rio deve ter notado a ausência quase absoluta de propostas para o setor de turismo. Enquanto no resto do mundo a indústria turística cresce com grande velocidade, no Brasil o setor caminha com lentidão bovina.
Fala-se muito em indústria automobilística, em supostos investimentos estrangeiros que gerariam milhares de empregos. No Rio, essa cantilena chata e mirabolante também é repetida exaustivamente ao mesmo tempo em que se dá as costas para uma rede hoteleira subocupada e para uma cidade que é um imenso parque de atrações.
Na lengalenga dos candidatos, a cidade é só o espaço dos seus moradores, como se eles estivessem fazendo campanha para síndicos de prédios. Passa longe dos discursos eleitorais a possibilidade de se incrementar a economia por meio do turismo, diminuindo o desemprego e aumentando a arrecadação.
Para se atingir esses objetivos, os primeiros investimentos, principalmente os da ordem municipal, não vão muito além daquilo que já se gasta para a manutenção dos serviços atuais. Mas é preciso um plano e continuidade na sua aplicação.
As áreas de interesse turístico devem ser agradáveis, limpas e seguras. A garantia dessas características exige gente constantemente trabalhando, gente com as mais diferentes qualificações. A manutenção dos níveis de qualidade nessas áreas com o tempo gerarão reflexos que poderão beneficiar a cidade como um todo. Uma saída para os problemas cariocas pode estar no próprio umbigo.

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