São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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Atriz não morreu com punhal, diz legista

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

A atriz Daniella Perez, morta em 28 de dezembro de 1992, não foi assassinada com faca ou punhal, porque seu corpo mostrou marcas feitas por dois tipos diferentes de instrumentos, ambos sem lâmina.
A conclusão é do médico legista Nelson Massini, 48, professor de medicina legal da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que, a pedido da Folha, analisou todas as fotos anexadas ao processo que apura o crime.
Para Massini, os ferimentos são condizentes com uso de uma chave de fenda e de uma tesoura -objetos que, segundo Guilherme de Pádua, Paula Thomaz teria usado para matar Daniella.
O trabalho de Massini permitiu outra constatação: o corpo da atriz foi arrastado por duas pessoas até onde foi encontrado, num terreno na rua Cândido Portinari, na Barra da Tijuca (zona sul do Rio).
"Quando uma pessoa arrasta outra, puxando pelos braços, as pernas ficam alinhadas ao tronco, fechadas. Os braços, quando são soltos, também ficam paralelos ao tronco e não abertos", explicou.
Arrastamento desigual
Além do material que mostra o corpo no terreno, outras fotografias feitas pelos peritos na época do crime reforçam a conclusão de Massini. Elas mostram a calça jeans e o par de tênis que Daniella Perez usava quando foi morta.
Nelas, o perito pôde constatar indícios de arrastamento mais fortes de um lado da calça do que do outro, na região das nádegas.
"Uma das pessoas que a arrastaram era mais forte do que a outra. Por isso, os sinais são mais fortes de um lado: quem a segurava desse lado não tinha força para levantar o corpo na mesma altura que quem a segurava do outro lado", afirmou o perito.
Os sinais de arrastamento no par de tênis que a atriz usava levaram Massini a concluir que, durante parte do trajeto, Daniella foi carregada por uma só pessoa.
"Podemos imaginar que alguém a carregou primeiro, pelos braços, mas que em seguida teve ajuda de outra pessoa e que o tênis parou de ser arrastado no chão", disse.
A ausência de sinais de arrastamento nas pernas da calça jeans é outro aspecto ressaltado por Massini. Segundo o perito, caso Daniella tivesse sido arrastada apenas por uma pessoa, as pernas da calça jeans apresentariam marcas.
O legista também ampliou imagens de uma equimose no pescoço da vítima e, pelo formato, vê indícios de que ela tentou se livrar de seu agressor.

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