São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996 |
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Cavallo critica novo pacote argentino
DANIEL BRAMATTI
Ao se comparar a Fernández, o ex-ministro disse que ele tem "menos informações sobre alguns assuntos". "É muito difícil controlar a economia sem ter boa informação e sem saber quem é quem", afirmou, em entrevista à revista argentina "Gente". Com as declarações, Cavallo -que estava na Itália ontem, em um encontro de banqueiros internacionais-, quebrou a promessa feita no dia em que deixou o cargo, de que não faria comentários sobre a política econômica e de que só se referiria a Fernández para elogiá-lo. O pacote fiscal anunciado no último dia 12, com um aumento generalizado de impostos, foi considerado "perigoso" pelo ex-ministro, que revelou ter telefonado para Fernández a fim de manifestar suas preocupações. "Telefonei porque fiquei muito preocupado quando li como havia sido a proposta de impostos e como estava se encaminhando a discussão no Congresso. Dei a opinião de que a ênfase devia ser a de não aumentar gastos e esperar que a reativação e a luta contra a sonegação gerassem os recursos", afirmou Cavallo. Otimismo Segundo o ex-ministro, Fernández se mostrou otimista e disse que o Congresso aprovaria todas as propostas. "Tomara que tenha razão", afirmou. O ex-ministro negou ainda ser responsável pelos problemas econômicos que Fernández tenta corrigir: "Os problemas da Argentina não são econômicos, são de saúde, segurança e justiça." Cavallo explicou os motivos de seu pedido de "perdão pelos sofrimentos", feito em um programa de televisão pouco depois de deixar o cargo. "Não há nada que se consiga sem sacrifícios e sofrimentos. Mas às vezes não se pode repartir esses sacrifícios e sofrimentos de modo equitativo. Por isso pedi desculpas", afirmou Cavallo. Protestos Partidos de esquerda e organizações como a Associação das Mães da Praça de Maio realizaram ontem uma passeata "contra a fome e o desemprego", que tumultuou o centro de Buenos Aires. Por volta das 19h, cerca de 5.000 manifestantes se concentravam nas proximidades da Casa Rosada, sede do governo argentino. A líder das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, criticou a reunificação das centrais sindicais CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) e MTA (Movimento dos Trabalhadores Argentinos)."São todos uns vendidos e comprometidos com o governo", disse. LEIA MAIS sobre Argentina nas págs. 2-2 e 2-12 Próximo Texto: Perfil da qualidade; Sem enxugar; Recursos próprios; Retrato completo; Na matriz; Reação imediata; Cortando a pizza; Novas contas; Mudança na Fiat; Motivo pessoal; Na disputa; Verba oficial; Plágio no rock; Sobrecarga no custo; Parque concentrado; Números do varejo; Fora da linha Índice |
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