São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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Mike Tyson promete surra histórica

RUBENS LEME DA COSTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O norte-americano Mike Tyson, 30, luta para mostrar uma nova "identidade" e reconquistar o título mundial da Associação Mundial de Boxe, reunificando o título dos pesados, em Las Vegas (Oeste dos EUA), nesta madrugada, contra seu compatriota Bruce Seldon.
No período em que ficou preso, de 92 a 95, condenado por estupro, Tyson cultivou a solidão como sua companheira inseparável, alterando radicalmente o seu ponto de vista em relação ao mundo.
"Sou um novo Tyson. Aquele rapaz descontrolado sumiu. Agora, só penso em boxe", garante.
Ele deixa bem claro que não se preocupa em agradar à imprensa ou ser amável com estranhos.
"Não sou diplomático. Não sei se isso é bom ou ruim. Talvez eu seja considerado um idiota por todo mundo, mas não me importo. Só não quero ter que aguentar a estupidez dos outros", diz, amargo.
Tyson pode, contra Bruce Seldon, 29, um ex-presidiário como ele, repetir o feito de 1987, quando detinha os três grandes cinturões do boxe mundial (além da AMB, era campeão do Conselho Mundial e da Federação Internacional).
Favorito nas bolsas de apostas da cidade na proporção de 23 para 1 -para cada US$ 23,00 "investidos" em Tyson, o apostador ganha US$ 1,00-, Tyson disse que não vê a hora de subir ao ringue.
Sobre seus adversários, inclusive o desta noite, procura demonstrar desprezo. "Não há, hoje em dia, ninguém em condições de me derrubar", afirma, confiante.
Tyson promete um combate rápido no MGM Hotel, hoje.
"Será a maior surra que Seldon levará em toda a sua carreira. Ele pode esperar pelo pior", diz.
Prisão
A confiança em si mesmo, diz Tyson, aumentou durante o tempo em que permaneceu na prisão.
"Ficar preso foi péssimo para mim, mas me fez ver o 'lado positivo' de estar lá. Eu não tinha aquela loucura de viagens, entrevistas, pessoas me seguindo. Preso, me senti livre pela primeira vez."
Mas essa parece não ter sido a única lição que aprendeu .
"Quando você fica preso, começa a ver que, em certos momentos, tem mais liberdade do que quando está do 'outro lado'. Você não tem medo de perder o emprego, não tem que lutar por sua refeição. Isso me fez conhecer melhor e buscar meus objetivos."
Tyson diz que a paixão pelo boxe continua a mesma do começo da carreira, quando era considerado um "fenômeno do pugilismo."
"Me sinto muito melhor hoje, embora não possua o ímpeto de dez anos atrás. Eu ainda amo lutar, ver meu oponente caindo no chão, sendo nocauteado."
Sobre o seu futuro no boxe, Tyson não confirmou se vai mesmo ou não deixar de lutar nos próximos dois anos.
"Não sei se vou parar logo ou não. Primeiro, quero provar a mim mesmo que posso ser ainda o melhor do mundo. É lógico que para continuar preciso de estímulo, de alguém que possa, ao menos, me motivar. Caso contrário, poderei me aposentar."
Mas tudo isso para ele são apenas especulações. "O que me importa, agora, é Seldon. Ele é meu objetivo, o próximo alvo."

Com agências internacionais

NA TV - Globo, a partir das 23h15

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