São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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Tchetchenos celebram "independência"

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Mais de 5.000 pessoas saíram às ruas de Grozni, a capital da Tchetchênia, para comemorar os cinco anos da declaração de independência da república russa, afirmando estar celebrando também o fim da guerra na região.
No centro da cidade, onde metade dos prédios está destruída, bandeiras tchetchenas e retratos do antigo líder Djokhar Dudaiev eram carregados pela população.
O atual líder dos tchetchenos, Zelimkhan Iandarbiev, disse à multidão em Grozni: "Este é um dia muito difícil... Estamos muito contentes que a guerra terminou. Pelo menos não fracassamos".
Segundo a Rússia, Dudaiev, que proclamou a independência da Tchetchênia, morreu em abril deste ano, mas alguns separatistas dizem que ele ainda está vivo.
A declaração de independência da Tchetchênia, feita em 1991, não foi aceita na época pela Rússia nem pela comunidade internacional.
Intervenção
Três anos depois, Ieltsin lançou operação para acabar com o levante separatista. A intervenção pode ter definitivamente terminado com o recente acordo obtido pelo general russo Alexander Lebed.
O acordo com os rebeldes prevê a saída das tropas russas da região e adia a decisão sobre a independência tchetchena para 2001.
"Por fim, tudo terminou. Pagamos caro. Muitos dos nossos morreram, mas mostramos ao mundo inteiro que é impossível vencer um povo que luta pela liberdade", disse Iakha Makhtnakaieva, cuja casa foi destruída nos combates.
Para não despertar a ira russa, os tchetchenos disseram que a manifestação de ontem era "uma homenagem aos 80 mil mortos na guerra". O número exato de mortos é desconhecido.
Os tchetchenos obedeceram ontem uma ordem de seu chefe de gabinete, Aslan Maskhadov, e não fizeram uma parada militar como costumavam fazer anteriormente.
Apesar das comemorações, um tiroteio na noite de anteontem deixou um soldado russo morto, segundo a agência de notícias "Interfax". Posições militares dos russos teriam sido atacadas por três vezes ontem, segundo o comando militar de Moscou. As informações não puderam ser confirmadas de forma independente.

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