São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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PARA TRÁS

Ninguém duvida da importância do policiamento ostensivo para conter a violência. E num ambiente de barbárie crescente, seria de supor que os sucessivos governos estaduais paulistas tivessem investido na PM.
Não foi o que aconteceu, muito pelo contrário. Em 1975, o Estado dispunha de um policial militar para cada 416,8 cidadãos. Em 95, essa cifra era de um policial para cada 460,3 habitantes. Trata-se de um encolhimento de 10,4% na relação PM/habitante.
Quando se considera que o perfil da criminalidade alterou-se profundamente nesses 20 anos, a situação fica ainda mais grave. Tráfico de drogas e contrabando de armas sempre existiram, mas não nos níveis atuais. Essa perversa combinação confere ao criminoso um caráter bem mais violento e organizado.
O bandido de antigamente não saía por aí matando suas vítimas. Seu objetivo era assaltar. Hoje, os acertos de contas entre traficantes tornaram as chacinas um fenômeno diário. Um ladrão pode matar sua vítima mesmo que não ganhe nada com isso. Como se a vida nada significasse.
Restaria ainda saber se o atual contingente policial está sendo bem aproveitado. Se os guardas estão nas ruas ou em gabinetes cumprindo funções meramente burocráticas. Como tudo no setor estatal, a tendência à inoperância é um vício difícil de combater.
Outra questão importante é o baixo nível dos candidatos a guardas. A corporação não consegue preencher suas vagas porque os candidatos não obtêm o nível mínimo no exame para ingressar na força.
Num momento em que o tema da violência ganha a preocupação de todos, é desalentador constatar que, em 20 anos, o Estado passou por uma indesejável involução.

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