São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996
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Mercado para dublador cresce com TV paga

LUCIANA BENATTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A expansão das redes de TV paga no Brasil tem aumentado o trabalho nos estúdios de dublagem. O crescimento desse mercado teve como consequência novas oportunidades para o dublador.
"Atualmente o mercado está maravilhoso", afirma Nair Silva, 57, coordenadora e diretora de dublagem do estúdio Clone (SP). Segundo ela, há dois anos o trabalho nos estúdios vem aumentando.
A expansão da TVs pagas e o aumento da procura pela versão dublada de vídeos domésticos nas locadoras são as razões.
"Antigamente só os filmes para crianças eram dublados. Hoje quase todos estão saindo com versão dublada", diz.
"Às vezes temos dificuldade para encontrar dubladores. Precisamos chamar com muita antecedência", afirma.
Para Rafael Vandystadt, 21, assistente de marketing do canal USA, que começou a ser distribuído por TV paga no Brasil em maio, o público prefere versões dubladas. Nesse canal, 80% da programação é dublada -a maior parte em estúdios brasileiros.
Nos cinco estúdios da Herbert Richers (RJ), responsável pela maior parte da dublagem de programas exibidos pela Rede Globo, apenas em agosto foram dublados 150 episódios de desenhos.
"Damos mais oportunidades para crianças de 8 a 12 anos", afirma Helena Oliveira, 43, gerente.
Trabalho duro
"Para se dar bem nessa atividade, é preciso suar muito." Quem afirma é Nelson Machado, 32, que trabalha há 28 anos na atividade.
O protagonista de desenhos animados Fred Flinstone e o personagem Quico, do seriado "Chaves", são dublados por ele.
Segundo Machado, o salário seria compensador se os profissionais trabalhassem oito horas por dia. "Os mais requisitados trabalham em média 60 horas por mês."
Para Elcio Sodré, 37, que está há oito anos na atividade e faz as vozes do Zé Colméia e do Pateta, ator não se realiza em dublagem. "A realização do ator é no palco."
Profissionalização
Segundo Machado, os primeiros dubladores vieram do rádio, com o fim das radionovelas. Hoje, para exercer a atividade, é necessário ser registrado como ator na Delegacia Regional do Trabalho.
Para obter o registro, é preciso ter cursado uma faculdade de artes cênicas ou ter feito um curso profissionalizante de teatro e passado pelo exame do sindicato.

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