São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996 |
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Dívida externa sobe US$ 44 bi em 6 anos
VIVALDO DE SOUSA
Mesmo tendo pago isso de juros, a dívida externa total subiu 38,15% entre dezembro de 1989 e dezembro de 1995. Ou seja, passou de US$ 115,096 bilhões para US$ 159,005 bilhões no período -aumento de US$ 43,909 bilhões. O valor pago corresponde a 82,55% das reservas internacionais brasileiras -estimadas hoje em US$ 60 bilhões. É um valor alto, mas foi a solução encontrada pelo governo para regularizar a situação do país no mercado financeiro internacional. O maior pagamento anual aconteceu em 1995, quando foram remetidos US$ 10,64 bilhões para o exterior como pagamento de juros, segundo dados do Departamento Econômico do BC (Banco Central). Receitas e despesas O BC registra dois itens na conta de juros: receita, quando é pago para o Brasil, e despesa, quando é pago pelo Brasil e deixa o país. As despesas sempre foram maiores do que as receitas no período. "É uma conta estruturalmente deficitária", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Segundo ele, os juros são altos porque a dívida com os credores também é elevada. A receita com juros inclui pagamento feito por empresas estrangeiras a bancos brasileiros que emprestaram recursos no exterior e também o rendimento obtido na aplicação das reservas internacionais do país. Os dados estão registrados no balanço de pagamentos. Transportes As despesas com transporte de mercadorias para o Brasil custaram US$ 25,95 bilhões ao país entre 1990 e julho deste ano, segundo dados do BC. As despesas com transportes tiveram um aumento de 26,19% entre 1992 e 1994, quando foram adotadas diversas medidas para facilitar a importação de produtos estrangeiros -passou de US$ 3,28 bilhões para US$ 4,14 bilhões. "Houve um crescimento das importações, mas não havia navios com bandeira brasileira para atendê-lo de maneira satisfatória", disse Lopes. Por esse motivo, foram contratados navios e aviões estrangeiros. No mesmo período, a receita obtida pelas empresas nacionais de transporte naval e aéreo foi de US$ 12,27 bilhões. Ou seja, a conta de transportes apresentou um déficit (receitas maiores que despesas) de US$ 13,68 bilhões. Viagens internacionais O Plano Real, iniciado em julho de 1994, valorizou a moeda brasileira em relação ao dólar e permitiu às pessoas que moram no Brasil gastarem mais nas suas viagens internacionais. Os dados do BC mostram que as despesas em viagens internacionais aumentaram 51,92% entre 1994 e 1995 -passaram de US$ 2,23 bilhões para US$ 3,39 bilhões. Esses gastos foram de US$ 2,34 bilhões de janeiro a julho de 1996. A média mensal de gastos em viagens internacionais passou de US$ 153 milhões em 1993 para US$ 282 milhões em 1995 e US$ 335 milhões nos sete primeiros meses deste ano -a despesa de 1996 deve ficar em US$ 4 bilhões. As despesas de brasileiros com viagens internacionais no período de 1990 a julho de 1996 ficaram em US$ 13,84 bilhões. No mesmo período, os estrangeiros gastaram US$ 6,90 bilhões em viagens internacionais ao Brasil. Texto Anterior: Ruth Cardoso debate no Rio 'terceiro setor' Próximo Texto: Cresce gasto no exterior Índice |
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