São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996
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Aumenta o número de mães adolescentes no Rio

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Cresce a cada ano no Rio o número de mães adolescentes, na faixa de 10 a 19 anos. Pesquisa da SMS (Secretaria Municipal da Saúde) identificou, em 95, 624 filhos (0,66% do total de partos) de adolescentes com menos de 14 anos.
Embora a idade de 10 anos seja a base do quadro estatístico, por normas internacionais, não foi registrada em 95 uma mãe com essa idade. Mas houve o caso de uma de 11 anos e 14 mães com 12 anos. Os pais, em geral, têm de 20 a 24 anos.
Em 1993, nasceram no município do Rio 496 bebês (0,53% dos partos) de mães com menos de 14 anos. Em 94, foram 615 bebês (0,63% dos partos). A maioria das mães é de áreas onde moram pessoas com menor poder aquisitivo.
A mesma pesquisa registrou, em 95, 16.172 filhos (16,99% do total de partos) de jovens de 15 a 19 anos. Em 93, nasceram 14.505 bebês (15,44% dos partos) de mães nessa faixa. Em 94, nasceram 15.724 bebês (16,03% dos partos).
Embora a desinformação seja um dos dados que explicariam o aumento do número de mães adolescentes, a pediatra Viviane Manso Castello Branco, 40, disse que essa questão "não tem esse peso tão grande".
Mídia
Gerente do Programa de Saúde do Adolescente da SMS, Viviane enumera outros dados que contribuiriam para esse crescimento. Um dos mais importantes seria a influência negativa da mídia, em particular filmes e novelas.
A exposição a cenas tórridas de casais estimularia as precoces relações sexuais, em um momento histórico em que a idade da primeira menstruação vem baixando.
"Ele (o adolescente) acha que não vai acontecer com ele. E tem uma outra coisa: a paixão é cega. Prevenção de Aids, gravidez, ele esquece de tudo", diz Viviane.
Para a pediatra, os casos de adolescentes grávidas ocorrem cada vez mais em todas as camadas sociais. "Mas as mais favorecidas abortam mais."
Além da maior dificuldade de abortar, meninas das classes mais pobres encarariam, em geral, a gravidez de outra forma. Sem perspectiva de futuro, não veriam a gravidez "como um problema".
"E em todas as classes, a maior parte dessas meninas tem carência afetiva. Às vezes, elas se sentem solitárias, e o neném vem preencher essa solidão típica dos adolescentes", afirma Viviane.

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