São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996
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Madri exibe mundos de Paul Strand

CELSO FIORAVANTE
EM MADRI

O Centro de Arte Reina Sofia, em Madri, abriga até o próximo dia 25 de setembro a mostra "O Mundo na Minha Porta", com trabalhos realizados pelo fotógrafo norte-americano Paul Strand (1890-1976) entre 1950 e 1976.
O título da mostra vem de uma frase do próprio fotógrafo em que explicou o que procurava retratar em seus trabalhos:
"Assim se vê que o que explorei em toda a minha vida foi o mundo na minha porta. E as coisas que hoje estão literalmente a uns poucos metros de distância no nosso jardim em Orgeval também são uma outra face da viagem".
Em suas viagens, Strand passou por cidades como Nova York, Orgeval (França), Luzzara (Itália), Asenema (Gana), Tinerhir, Ouerzazate, Risani, Tétouan e Ouringa (Marrocos) e outras.
O fotógrafo era um homem de dois mundos: um frenético, voltado para o futuro, registrado em ângulos, cortes e reflexos inusitados da cidade de Nova York; outro bucólico, presente em retratos, paisagens e naturezas-mortas realizados nas cidades de Orgeval, Luzzara e outras.
Também retratou amigos e contemporâneos seus, como o poeta Jacques Prévert (Paris; 1957), o cineasta Jean Cocteau (Cap Ferrat; 1956) e o artista plástico Georges Braque (Varangéville; 1956).
Nas fotos realizadas na cidade italiana de Luzzara, por exemplo, é possível notar a influência da estética neo-realista do roteirista italiano Cesare Zavattini (1902-1989).
Não utiliza truques técnicos e prioriza aquilo que chama "o espírito do local", cria composições cinematográficas e faz de seus retratados personagens de um novo enredo.
"É a maneira que o artista vê seu mundo e o traduz em arte que determina se a obra forma uma força nova e ativa dentro da realidade para aumentar e transformar a experiência do homem. Gosto de fotografar as pessoas que não se deixaram destruir por aquilo que a vida lhes fez", disse o fotógrafo.
Strand nasceu em Nova York e começou sua carreira fotográfica aos 18 anos. Era amigo do também fotógrafo e galerista Alfred Stieglitz (1864-1940) e de boa parte da vanguarda artística que frequentou a sua galeria, a 291, em NY.
"Sua visão é potencial. Seu trabalho é puro. Não se apóia em truques de tratamento", disse Stieglitz.
Aos 22 anos, passou a trabalhar como câmera e diretor de cinema. Realizou seu primeiro filme, "Manhattan", em 1921. Dirigiu os longas "The Wave" (1934), "The Plow that Broke the Plains" (1935), "Heart of Spain" (1937) e "Native Land" (1942).
Em 1945, o MoMA (Museu de Arte Moderna, NY) realizou uma grande retrospectiva com trabalhos do artista.
Em 1951, Strand se transferiu para a França. Nos 25 anos seguintes, fotografou a Europa e o norte da África e produziu álbuns como "La France de Profil", "Un Paese" e "Living Egypt and Ghana: An African Portrait".
A mostra traz impressões originais, do próprio Strand, e contemporâneas, realizadas por Richard Benson.

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