São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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Moto importada é pista em assassinato

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia procura uma moto Harley-Davidson vermelha, cujo condutor teria sido o assassino do estudante Wanderley Sivila Cardoso, 23, sábado à noite, em uma esquina do bairro do Paraíso (zona sul de São Paulo).
Um amigo da família da vítima teria visto no domingo, em São Caetano do Sul, uma moto correspondendo à descrição de testemunhas. Seu depoimento era aguardado para ontem à noite.
Wanderley foi morto em seu carro, por volta das 22h30 de sábado, na esquina das ruas Doutor Rafael de Barros e Cubatão.
Segundo testemunhas, um homem alto e louro parou uma moto vermelha, sem placa -com uma mulher loura na garupa-, e deu um tiro na cabeça do estudante. Wanderley morreu horas depois, no Pronto-Socorro Vergueiro.
Uma testemunha ouvida pela Folha também afirmou que a moto parecia uma Harley-Davidson.
Até o final da tarde de ontem, a investigação estava parada porque o investigador encarregado, Alexandre Rodrigues, estava de folga. Ele retomaria o caso ontem à noite.
Reage São Paulo
O crime tornou Wanderley mais um "mártir" do movimento Reage São Paulo. Albertina Dias Café e Alves e outras líderes do movimento estiveram presentes ao enterro de Wanderley, ontem à tarde, no cemitério Gethsêmani (Morumbi). Distribuíram fitas brancas, símbolo da campanha.
Albertina pediu que as mulheres de políticos se engajem contra a violência.
"Vocês vêem esposa de político trabalhando? Vão a academia de ginástica, restaurantes, inaugurações. Isso é ofensa. Ficam no gabinete comandando campanha do agasalho. Se dessem saúde e educação, não precisariam dar agasalho", afirmou.
Ela acrescentou que os eleitores deveriam fazer um protesto silencioso em frente às seções eleitorais na eleição de 3 de outubro, para os políticos "tomarem um susto".
Os pais de Wanderley afirmaram que vão aderir ao movimento. O pai, o economista Ramón Sivila Sarmiento, 56, chegou a dizer que se armaria, mas voltou atrás.
Ele sugeriu que a polícia faça revistas nas ruas com detectores de metal, para apreender armas.
Nascido na Bolívia, morando no Brasil há 25 anos, Sivila disse que seu filho, que estava no quinto ano de Engenharia da Unicamp, tinha como ídolo o empresário norte-americano Donald Trump.
"Ele dizia: 'Gosto de São Paulo porque as oportunidades de riqueza são imensas. O senhor me deu São Paulo para conquistá-la"', lembrou.

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