São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Moto importada é pista em assassinato

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia procura uma moto semelhante a uma Harley-Davidson, vermelha e branca, sem placas, cujo condutor teria sido o assassino do estudante Wanderley Sivila Cardoso, 23, sábado à noite, em uma esquina do bairro do Paraíso (zona sul de São Paulo).
Testemunhas afirmaram que o assassino dirigia uma moto desse tipo. Um amigo da família da vítima teria visto no domingo, em São Caetano do Sul (Grande SP), uma moto com essa descrição.
Wanderley foi morto em seu carro, por volta das 22h30 de sábado, na esquina das ruas Doutor Rafael de Barros e Cubatão.
Um homem alto e louro -ou moreno e de cavanhaque, segundo outro testemunho-, com uma mulher loura na garupa, desceu de sua moto e deu um tiro na cabeça do estudante. Wanderley morreu horas depois, no Pronto-Socorro Vergueiro.
Acredita-se que o crime foi provocado por uma briga no trânsito. Uma pessoa que socorreu a vítima, ouvida ontem pela Folha, disse ter escutado comentários, no local do crime, de que Wanderley discutiu com o motociclista.
Ontem, a investigação estava parada por falta de investigadores no 36º DP (Vila Mariana, zona sul). O investigador encarregado estava de folga.
A Harley-Davidson é uma moto norte-americana cultuada por motociclistas do mundo inteiro. Hoje há marcas que a imitam.
Reage São Paulo
Ontem à tarde, no enterro de Wanderley, no cemitério Gethsêmani (Morumbi), os pais do estudante afirmaram que vão aderir ao movimento Reage São Paulo (leia texto abaixo).
O pai, o economista Ramón Sivila Sarmiento, 56, chegou a dizer que se armaria, mas voltou atrás.
Ele sugeriu que a polícia faça revistas nas ruas com detectores de metal, para apreender armas.
Nascido no interior da Bolívia, Sivila estudou nos EUA e veio morar em São Paulo no início dos anos 70, para trabalhar em uma empresa têxtil. Seus quatro filhos -Wanderley era o mais velho- nasceram no Brasil.
Sivila disse que Wanderley, que estava no quinto ano de Engenharia da Unicamp, tinha como ídolo o empresário norte-americano Donald Trump.
"Ele dizia: 'Gosto de São Paulo porque as oportunidades de riqueza são imensas. O senhor me deu São Paulo para conquistá-la."'
A comunidade boliviana em São Paulo, que, segundo seus membros, tem 160 mil pessoas, também deve aderir ao movimento contra a violência.

Texto Anterior: Motorista atira em 2 em briga de trânsito
Próximo Texto: Universitários marcam passeata em Moema
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.