São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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Desemprego surpreende industriais

Fundição demite mais

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego voltou a surpreender os industriais paulistas no mês passado. Em agosto, o Nível de Emprego Industrial apurado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) recuou 1,45%, na maior queda desde agosto de 1995 (-2,51%).
Perderam o emprego 29.331 trabalhadores, dos quais 17.437 foram demitidos na última semana do mês. Foi o maior contingente de desempregados num único mês desde setembro de 1995 (31.418).
Este ano, a Fiesp já registrou o fechamento de 145.217 postos de trabalho (-6,79%). Nos últimos 12 meses, a cifra sobe para 252.697 (-11,16%).
"O quadro é preocupante. O desemprego tem sido maior que o esperado, pois o crescimento econômico é medíocre e as empresas ainda estão se ajustando ao aumento da competitividade", afirmou Horácio Lafer Piva, diretor titular do departamento de pesquisas econômicas da Fiesp.
No mês de julho, a redução de 0,71% (-14.399 empregos) no índice já fora considerada surpreendente pela federação, que previa estabilidade a partir do segundo semestre do ano.
Mas, em agosto, 28 dos 46 sindicatos pesquisados pela entidade registraram demissões. Oito informaram estabilidade de mão-de-obra e dez anunciaram contratações nos respectivos setores.
Para a Fiesp, não houve um fator específico que justificasse o salto no índice de emprego em agosto, salvo nos setores mais atingidos, como fundições e tecelagem.
Bolha
Piva espera que até dezembro o nível de emprego volte a ter oscilações moderadas.
"Julho e agosto tiveram uma bolha de desemprego, mas não há nada que justifique a manutenção de uma tendência tão forte de demissões", afirmou o empresário.
No mês passado, as dispensas foram mais fortes nos setores de fundição (-28,68%), fiação e tecelagem (-8,47%), bebidas (-6,48%), gráficas (-2,98%), produtos de cacau e balas (-2,79%), produtos químicos (-2,52%), doces e conservas alimentícias (-2,17%) e artefatos de papel, papelão e cortiça (-1,96%).
As maiores contratações ocorreram nos setores de perfumarias a artigos de toucador (2,11%), congelados e supercongelados (1,49%) e tratamento e manutenção de superfícies (0,98%).
As demissões da fundição Sofunge ajudaram a puxar o índice de desemprego setorial, que teve a queda mais acentuada em agosto. Foram demitidos cerca de 1.500 trabalhadores. Os desempregados pela indústria têxtil Vicunha também foram contabilizados.
Este ano, os setores que mais encolheram em termos de emprego foram fundição (-30,04%), esquadrias e construções metálicas (-21,37%) e materiais e equipamentos ferroviários (-18,49%).

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