São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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Desemprego surpreende industriais

Fundição demite mais

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego voltou a surpreender os industriais paulistas no mês passado. Em agosto, o Nível de Emprego Industrial apurado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) recuou 1,45%, na maior queda percentual desde agosto de 1995.
No mês passado, 28 dos 46 sindicatos pesquisados pela entidade registraram demissões nos setores respectivos. Oito informaram estabilidade de mão-de-obra e dez anunciaram contratações.
"O quadro é preocupante. O desemprego tem sido maior que o esperado, pois o crescimento econômico é medíocre e as empresas ainda estão se ajustando ao aumento da competitividade", afirmou Horácio Lafer Piva, diretor titular do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp.
A Fiesp esperava que a queda no nível de emprego fosse menos acentuada no segundo semestre do ano, tradicionalmente mais aquecido que o primeiro. Mas aconteceu o inverso. No mês de julho, houve redução de 0,71% (-14.399 empregos) no índice.
Piva não soube apontar um fator específico que justificasse o salto no desemprego industrial em agosto -salvo nos setores mais atingidos, como fundições e tecelagem, afetados pelo fechamento de antigas linhas de produção.
As 1.500 demissões da fundição Sofunge, por exemplo, ajudaram a derrubar o índice setorial de emprego, que teve a maior queda da indústria paulista em agosto. O fechamento de duas fábricas pela Vicunha, com a demissão de cerca de mil pessoas, agravou a situação no setor têxtil.
Bolha
O diretor da Fiesp espera que até dezembro o nível de emprego volte a ter oscilações moderadas.
"Julho e agosto tiveram uma bolha de desemprego, mas não há nada que justifique a manutenção de uma tendência tão forte de demissões", afirmou o empresário.
No mês passado, as dispensas foram mais fortes nos setores de fundição (-28,68%), fiação e tecelagem (-8,47%), bebidas (-6,48%), gráficas (-2,98%), produtos de cacau e balas (-2,79%), produtos químicos (-2,52%), doces e conservas alimentícias (-2,17%) e artefatos de papel, papelão e cortiça (-1,96%).
As maiores contratações ocorreram nos setores de perfumarias a artigos de toucador (2,11%), congelados e supercongelados (1,49%) e tratamento e manutenção de superfícies (0,98%).
Este ano, os setores que mais encolheram em termos de emprego foram fundição (-30,04%), esquadrias e construções metálicas (-21,37%) e materiais e equipamentos ferroviários (-18,49%).
Criminalidade
O aumento da tensão social na maior cidade do país reflete a crise do emprego industrial, avalia Piva. Recentemente, a Fiesp engajou-se na campanha "Reage São Paulo", contra a criminalidade.

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