São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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Celular quebra rigor da concentração

DA REPORTAGEM LOCAL

O uso de telefones celulares pelos jogadores de futebol mudou a rotina das concentrações dos principais clubes do Brasil e, por isso, começa a ser proibido em alguns deles.
A concentração é a maneira encontrada pelos clubes para "afastar" os jogadores dos problemas extra-futebol antes das partidas.
O celular quebrou essa barreira, já que é a maneira mais rápida de o atleta, "enclausurado", manter contato fora da concentração.
A restrição aos celulares partiu do técnico da seleção brasileira, Mario Jorge Lobo Zagallo.
Segundo ele, devido aos constantes telefonemas, os jogadores estavam perdendo a concentração.
"Na Olimpíada de Atlanta, ninguém deixava eles em paz. O telefone tocava durante as refeições, na hora da massagem, no ônibus que levava o time aos jogos. Não dava para continuar assim."
Zagallo disse que a comissão técnica da seleção perdia, inclusive, o controle sobre os jogadores devido aos celulares.
"Eles podiam receber ligações de empresários durante a madrugada e ninguém perceberia. Seria uma violação às normas."
Isso aconteceu com o atacante Ronaldinho, que acertou os detalhes finais com o Barcelona, da Espanha, durante a Olimpíada.
Modelo
Com o "respaldo" da seleção, alguns clubes também decidiram proibir o uso indiscriminado de celulares, casos do Guarani e do Palmeiras (leia texto abaixo).
O presidente do Guarani, Luiz Roberto Zini, diz concordar com a proibição dos telefones móveis nas concentrações.
Em anos anteriores, segundo Zini, os celulares dos jogadores só eram recolhidos antes de partidas consideradas muito importantes.
"A própria palavra 'concentração' diz tudo. É um momento para se concentrar na partida. Então, não há razão para levar celular às concentrações", afirmou Zini.
"Eles podem ligar para quem quiser, mas não podem receber todas as chamadas, que passam primeiro pela segurança", disse.
Polêmica
A proibição do uso de celulares já foi assunto de discussão entre os jogadores do Guarani.
"Na hora do almoço ou na preleção, é claro que não se pode usar o celular. É preciso responsabilidade. Mas, às vezes, a gente precisa usar", disse o zagueiro Leonardo.
"O presidente exigia que nós entregássemos o celular, que só era devolvido depois do jogo", disse o volante Valdeir.
"Mas parece até que existem jogadores, em outros clubes, que entram em concentração com dois celulares para entregar um e ficar com o outro", acrescentou.

Colaborou a Folha Sudeste

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