São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O circo da reeleição e suas atrações

1 - Fernando Henrique Cardoso, presidente - dono do circo
Diz ser a favor da reeleição. Mas que o assunto deve ser resolvido pelo Congresso. Instrui seus assessores para dizer que não vai barganhar
Interesse - ser reeleito

2 - Marco Maciel, vice-presidente - mágico (aparece sempre de forma difusa)
Oficialmente sempre foi contra a reeleição. Nos bastidores, já capitulou à tese. Domingo passado, disse que o PPB, que tem cargos no governo, deve naturalmente apoiar
Interesse - ser reeleito

3 - Luiz Carlos Santos, ministro da Coordenação de Assuntos Políticos - equilibrista (na corda bamba leva os peemedebistas pendurados numa vara: Sarney, Paes de Andrade, etc)
O importante é a reeleição. Acha impossível passar o voto distrital Considera importante o resultado das eleições municipais
Interesse - ser presidente da Câmara dos Deputados

4 - Luís Eduardo Magalhães, presidente da Câmara - domador de leões (os deputados são os leões)
Já foi nomeado por FHC como o principal condutor do processo. Deve exigir alguma declaração mais explícita do presidente antes de instalar a comissão especial
Interesse - ser ministro

5 - Jorge Bornhausen, presidente licenciado do PFL e embaixador em Lisboa - cavaleiro (sempre ágil e rápido)
Anunciou o atual cronograma da reeleição. Quer a instalação da comissão logo depois de 3 de outubro e votação na Câmara até o início de 97
Interesse - voltar à política, se possível como governador

6 - Esperidião Amin, presidente do PPB - trapezista (sempre ágil e rápido e o eterno contato com Maluf)
Atua como ponte entre o Planalto e o PPB malufista. Em resumo, tenta ficar de bem com todos.
Interesse - ser presidente da República

7 - Tucanos em geral (José Anibal, Artur Virgilio, etc.) - focas amestradas (fazem muito barulho, mas não conseguem influir muito)
Lutam para aparecer um pouco. Estão comendo poeira deixada pelo PFL. Há meses o senador Sérgio Machado (PSDB-CE) tenta vender sua idéia de reeleição com reforma política ampla
Interesse - viabilizar o PSDB e se tornarem os líderes da sigla

8 - Tucanos governadores (Tasso Jereissati, Mário Covas e Eduardo Azeredo) - elefantes (têm muita presença pelo tamanho, mas ajudam pouco)
Estão apagados. Tasso acha que a emenda deve ser votada logo. Covas diz ser contra a reeleição. Azeredo é cabo eleitoral da reeleição e acumula forças na medida em que seu candidato a prefeito em Belo Horizonte cresce nas pesquisas
Interesse - querem, algum dia, ser candidatos a presidente

9 - Inocêncio Oliveira, deputado federal (PFL-PE) e líder do seu partido na Câmara - o malabarista (tenta equilibrar sobre varetas os pratos que seriam os aliados do governo)
É o porta-voz de todas as propostas do PFL. Considera a melhor estratégia vota a emenda na Câmara antes do final do ano. E diz que é necessário uma reforma política
Interesse - ser presidente da Câmara dos Deputados

10 - Ministros de FHC e Sérgio Motta - Sérgio Motta é o atirador de facas (em Maluf)
Com a exceção de Motta, estão todos mudos. Ao falar sem parar sobre o assunto, Motta apenas conseguiu se desqualificar totalmente para a função de um dos articuladores da reeleição
Interesse - é uma incógnita

11 - Antônio Carlos Magalhães, senador (PFL-BA) - o homem-bala
Influi sobre o governo muitas vezes mais pela sua capacidade de fazer barulho do que pelo poder de fato. Quer voltar a reeleição antes do final do ano
Interesse - ser presidente do Senado

12 - Mendonça Filho, deputado federal (PFL-PE) - o palhaço (fornceceu a alegria de todos, a emenda da reeleição)
É uma espécie de Dante de Oliveira (o autor da emenda das eleições diretas em 84). Sua única proposta é essa mesmo: de que seja aprovada a sua emenda
Interesse - aparecer

Texto Anterior: PFL quer punir aliado contrário à reeleição
Próximo Texto: Emenda segue modelo dos EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.