São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
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Com o sacrifício da própria vida

MARCO ANTONIO AUGUSTO

Só o PM assume o juramento de sacrificar sua própria vida em defesa dos outros
Há pouco acompanhamos a pesquisa da Folha sobre as profissões mais rejeitadas, e a de policial aparece em segundo lugar. Por quê?
Neste momento, quando todos clamam por mais segurança e mais polícia nas ruas, nos aparece contravertida a posição no ranking: "Eu não quero ser policial, mas preciso dele por perto".
Esse sentimento de insegurança evidencia a obrigação do Estado, por meio da sua Polícia Militar, chamada ostensiva, de garantir o atributo pétreo da nossa Constituição referente aos direitos e garantias individuais do cidadão.
É uma polícia de preservação e manutenção da ordem pública, atuando nos quase 700 municípios do Estado, num trabalho diuturno de combate ao crime. São funções desempenhadas pelos policiais, quer seja no policiamento ostensivo, rodoviário, de trânsito, florestal e Corpo de Bombeiros, além das missões do Sistema de Defesa Nacional, na situação de força auxiliar e reserva do Exército.
Cabe salientar, entretanto, uma peculiaridade que só o policial militar na sua formação assume, que é o juramento de sacrificar sua própria vida em defesa dos outros.
Quem, em sã consciência, diante de um mercado de trabalho tão competitivo e dinâmico, se dedica a uma instituição, se empenhando e afirmando dar sua própria vida em defesa da sociedade?
Pode até parecer uma demagogia tal afirmativa, mas as estatísticas demonstram que, nos últimos cinco anos, mais de 600 policiais militares foram vítimas de homicídio em defesa de alguém e outros 15 mil tiveram ferimentos dos mais variados graus. Além disso, somamos os índices de alcoolismo, separações conjugais e o mais drástico, o suicídio, fato conhecido de todos os segmentos da sociedade, que influenciam diretamente a vida do policial.
Diante desse quadro, é notório o entendimento do porquê de a profissão de policial ser tão rejeitada.
O que nos causa estranheza é a média de 150 candidatos todos os dias buscando ingresso na corporação, com o mesmo espírito de jurar perante a bandeira nacional que, se preciso for, darão suas próprias vidas em defesa da sociedade.

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