São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
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Governo nega autorização de produzir emagrecedor

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde negou autorização para 306 farmácias de manipulação elaborarem remédios que contenham substâncias anoréxicas, usadas em fórmulas para emagrecimento.
Essas substâncias, do tipo anfetamina, inibem o apetite. Consideradas drogas psicotrópicas, podem gerar dependência química.
Atualmente, cerca de 700 farmácias de manipulação estão autorizadas a lidar com substâncias psicotrópicas. Os pedidos negados foram os acumulados no ministério no último ano.
A decisão foi publicada ontem no "Diário Oficial da União" e atende a uma solicitação da Comissão Internacional de Controle de Narcóticos da ONU (Organização das Nações Unidas).
A comissão encaminhou dados ao Ministério da Saúde que mostram que o Brasil é o terceiro país em consumo diário de três tipos de anoréxicos -anfepramona, fenproporex e mazindol.
Pesquisas do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) mostram que o consumo de substâncias para emagrecer aumentou de 7,78 toneladas, em 1988, para 23,64 toneladas, em 1993.
O secretário da Vigilância Sanitária, Elisaldo Carlini, disse que o próprio ministério autorizou a importação de cerca de 20 toneladas entre 94 e 95.
Segundo Carlini, o ministério deve intensificar o controle sobre o uso das substâncias anoréxicas.
Em 30 dias, serão publicadas novas regras. Os médicos terão de obter os blocos de receitas na Secretaria da Vigilância Sanitária.
A Associação Nacional de Farmácias Magistrais (de manipulação) sustenta que a decisão do ministério favorece as drogarias.
Segundo Elpídio Zanchet, presidente da associação, cerca de 50 mil drogarias revendem medicamentos para emagrecer elaborados com as mesmas substâncias sem a necessidade de autorização.
"É um contra-senso não autorizar as farmácias."
A associação também discorda dos números apresentados pela ONU e por Carlini. "A importação de 20 toneladas entre 94 e 95 não é verdadeira." De acordo com a Secretaria da Vigilância Sanitária, as farmácias podem recorrer.

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