São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
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Empresário veta jornada de 40 horas

Salário também deve cair

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários do setor de metalurgia descartaram completamente a possibilidade de reduzir a jornada de trabalho dos funcionários sem diminuir salários.
A proposta, anunciada anteontem pelos sindicatos dos metalúrgicos, é o carro-chefe das reivindicações da categoria, que tem data-base em 1º de novembro.
Os sindicatos do Estado de São Paulo decidiram unificar suas campanhas salariais e apresentaram pauta conjunta solicitando ainda a reposição da inflação do período e aumento real dos salários, entre outras propostas.
Na opinião dos empresários, a redução da jornada deve estar associada ao aumento da produtividade devido à maior competitividade entre as empresas, principalmente no mercado internacional.
Eles também não acreditam que a diminuição da carga horária para 40 horas semanais, em vez de 44, irá gerar mais empregos.
Além de aumentar os custos das empresas, que não podem ser repassados, a jornada menor irá ocasionar seleção de empregados mais especializados para manter os índices de produtividade, segundo eles.
"Sem a redução dos salários não há condições. Isso já foi negado em novembro passado e em abril deste ano", diz Fernando Paulo da Silva Filho, coordenador de relações do trabalho do Sindimaq (Sindicato da Indústria de Máquinas do Estado de São Paulo) e membro do Grupo 19/3 da Fiesp, que reúne também o setor eletroeletrônico.
Silva prevê negociações mais difíceis em razão da atual conjuntura econômica. Ele afirma que o aumento real do salário "é fora de questão" e que o poder de fogo dos sindicatos passa por um momento complicado, já que a legislação não obriga mais a reposição integral da inflação.
Data-base não muda
O sindicato patronal também não irá aceitar a mudança da data-base da categoria filiada à CUT, que é em abril, para novembro, completa Silva.
Carlos Uchôa Fagundes, coordenador do grupo 10 da Fiesp (lâmpadas e aparelhos de iluminação) e presidente do Sindilux (reúne empresas do setor), diz que elas não podem suportar aumento real do custo da mão-de-obra num momento de crise e de grande concorrência internacional.
"Os sindicatos têm de perseguir suas reivindicações, mas o momento é inadequado e impossibilita qualquer abertura nesse sentido", diz Fagundes.
Fernando Tadeu Perez, diretor de recursos humanos da Wolkswagen, diz que a empresa flexibilizou sua jornada de trabalho, atingindo 42 horas semanais. "Não há espaço para mais redução", diz.
Perez afirma que empregar mais pessoas sem que haja aumento de produtividade gera desemprego a médio prazo. "As empresas terão de aumentar o preço dos produtos ou reduzir seu volume de produção para suportar os custos."

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