São Paulo, quinta-feira, 12 de setembro de 1996
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Cobrança da CPMF não terá sigilo bancário

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma manobra regimental permitiu ontem a aprovação na Câmara do fim do sigilo bancário na fiscalização do recolhimento da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o imposto do cheque.
O relator do projeto, José Luiz Clerot (PMDB-PB), que considerou a proposta inconstitucional, foi substituído no momento da votação pelo presidente Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
O presidente tem o poder de nomear o relator em plenário, mas, normalmente, é mantido o mesmo deputado indicado pela comissão.
Clerot foi designado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas, com o pedido de urgência, o projeto não chegou a ser votado pelas comissões.
Caso prevalecesse o parecer de Clerot, o dispositivo que estipula o fim do sigilo seria arquivado. O item só seria votado no caso de aprovação de recurso para votá-lo.
"Eu me recuso a ser dócil com o governo. Não me curvo a ele (governo), só à lei e à Constituição", reagiu Clerot.
Para ele, a quebra de sigilo fere os direitos individuais garantidos pela Constituição (art. 5º). Clerot já havia obtido o apoio do líder do PMDB, Michel Temer (SP).
O relator substituto, Jairo Carneiro (PFL-BA), deu parecer favorável ao projeto, permitindo a votação do fim do sigilo bancário.
Identificação
O projeto estabelece que as instituições financeiras terão que prestar à Receita Federal "as informações necessárias à identificação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações".
Para garantir a aprovação do dispositivo, o relator da Comissão de Finanças e Tributação, Manoel Castro (PFL-BA), alterou a proposta original do governo.
Em acordo com o próprio governo, ele restringiu o uso das informações na fiscalização do recolhimento da CPMF.
A proposta proíbe a utilização das informações para investigações sobre cobrança de outros tributos ou impostos.
Na prática, segundo o projeto, a Receita não poderá usar as informações para processar o contribuinte por sonegação de Imposto de Renda, por exemplo.
A aprovação do projeto que regulamenta a CPMF foi por votação simbólica, quando não há registro no painel eletrônico. A proposta será agora votada pelo Senado.
A apresentação de um destaque para votação de itens de forma separada obrigou, no entanto, a votação nominal do dispositivo que acaba com o sigilo bancário.
O placar registrou 173 votos a favor do fim do sigilo, 77 votos contrários e 7 abstenções. O PPB, PL e PMDB ficaram contra a aprovação do dispositivo.

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