São Paulo, quinta-feira, 12 de setembro de 1996
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Coisas superdivertidas para fazer em um elevador

DAVID DREW ZINGG
EM NOVA YORK

Aqui quem fala é seu amigo das horas em que você mais precisa de um amigo, o sr. Homem das Respostas, falando com você desde a ilha de Manhattan, varrida por furacões.
Quando um visitante de Bananalândia vem a Nova York, a primeira coisa que chama sua atenção são os arranha-céus.
A Grande Maçã tem TANTOS arranha-céus que pedaços enormes do céu vivem caindo em cima de você, enquanto você anda pelas ruas (é uma piada, HÁ HÁ HÁ. Pedaços do céu, arranha-céus -sacou? HÁ HÁ HÁ).
A verdade é que os arranha-céus por aqui são tantos que o sujeito que mora aqui passa a maior parte do tempo passeando pra cima e pra baixo de elevador.
Não deixa de ser uma notícia interessante, já que aí no Brasil a gente costuma passar a maior parte do tempo passeando de um lado a outro da cidade.
Toda vez que o sr. Homem das Respostas viaja a Nova York, recebe milhares de cartas de leitores ansiosos, implorando que esclareça um delicado problema de etiqueta.
Aqui vai uma amostra de carta implorativa: "Caro sr. Homem das Respostas: passo a maior parte do tempo em Nova York trancado num elevador, imitando um ioiô. Será que não existe outro jeito de passar o tempo nas minhas viagens verticais? Por favor tenha a bondade de responder minha pergunta o quanto antes, SENÃO EU MATO O SENHOR".
É o tipo de carta do leitor que motiva o velho sr. Homem das Respostas a sair do seu sono pesado, induzido por drogas, e começar a trabalhar rapidinho, Joãozinho!
Como não tenho interesse nenhum em seguir o mesmo caminho que o vôo 800 da TWA, apresento aqui algumas das sugestões do sr. Homem das Respostas de várias coisas superdivertidas para fazer num elevador:
1. Quando o elevador chegar no seu andar, faça força, acompanhada de grunhidos, para abrir a porta. Quando ela se abrir sozinha, finja que está sem jeito.
2. Abra sua pasta ou a maleta em que você carrega seu laptop, só uma frestinha, olhe lá dentro e pergunte: "Tem ar suficiente aí dentro?"
3. Fique no canto do elevador, de costas para as outras pessoas, parado e em silêncio. Chegando a seu andar, não desça.
4. Aproxime-se de outro passageiro e sussurre: "A patrulha da caca de nariz está chegando!"
5. Cumprimente todas as outras pessoas no elevador com um caloroso aperto de mãos e peça que te chamem de "Almirante".
6. Assoe o nariz e ofereça-se para mostrar o conteúdo do lenço às outras pessoas no elevador.
7. Comece a sorrir abertamente para outra pessoa e depois anuncie em alto e bom som: "Estou usando meias novas!"
8. Solte alguns miados de gato.
9. Aposte com as outras pessoas que você consegue enfiar uma moeda de 50 centavos no nariz. Xingue qualquer pessoa que não expressar interesse por essa sua habilidade especial. Lamente a falta de interesse da sociedade pelos artistas performáticos.
10. Aperte os botões de todos os andares e ao mesmo tempo fique cantando "Boi, boi, boi".
11. Carregue uma geladeirinha de isopor rotulada "Cabeça humana".
12. Aperte os botões vermelhos, dizendo "o que será que esses botões fazem?"
13. Desenhe com giz um quadrado grande no chão e diga aos outros presentes no elevador que esse é seu "espaço pessoal".
14. Mostre aos outros presentes no elevador uma ferida que você tem e pergunte se acham que está com jeito de infeccionada. Pergunte se alguém pode te ajudar a pedir socorro pelo telefone de emergência. Se a pessoa recusar, peça a ela para pelo menos beijar a ferida, "que nem a Mamãe fazia".
15. Diga "Ding!" a cada andar em que o elevador pára.
16. Olhe fixamente para seu polegar e comente: "Acho que está crescendo".
17. Faça sons de explosão a cada vez que alguém apertar um botão.
Papo de urso O que vem a seguir é uma notícia verídica.
Finalmente se chegou a um novo critério para medir o nível de cultura das diferentes nações.
Tio Dave se refere a um novo e exclusivo serviço social cujo lançamento acaba de ser anunciado aqui em Nova York. (Todos nós concordaríamos, estou certo, em que a cidade de Nova York é vista por quem vive nela como mais ou menos o centro do universo. Nova York sempre foi um centro cultural muito avançado.)
Vamos, então, à notícia em si. Um anúncio de jornal divulga algo que com certeza representa o supra-sumo do progresso humano -e nessa lista eu incluo as armas nucleares.
Com grande orgulho, o anúncio apresenta o primeiro serviço de entrega de ursinhos de pelúcia em domicílio.
Reflita um pouco sobre os seguintes fatos, Joãozinho: flores morrem, frutas apodrecem e bombons engordam.
Mas agora você só precisa discar 1-800-TOD-BEAR para encomendar o ursinho de sua preferência, escolhido de uma longa lista que inclui mais tipos de ursinhos de pelúcia do que você jamais imaginou que pudessem existir.
Para seu próprio prazer (e inveja de seus vizinhos), há um ursinho de pelúcia à prova d'água e outro que vem acompanhado de bolachinhas.
E não pense que o serviço de entrega em domicílio garantida para o mesmo dia se limita apenas aos afortunados moradores da Gringolândia. Não, senhor! Basta um discreto telefonema e você verá ursinhos de pelúcia voando até o Rio ou até mesmo à Grande Pizza, São Paulo.
O anúncio diz tudo: "Os macios e aconchegantes ursinhos T.O.D. dizem muito mais e duram muito mais tempo. É por isso que a felicidade é garantida!"
Assim, se você quiser saber se seu país integra o grupo de nações que são líderes mundiais ou se é apenas um dos "outros", formule a você mesmo a pergunta chave:
"E o Brasil, possui um serviço de entrega de ursinhos de pelúcia em domicílio no mesmo dia em que é feito o pedido?"
E, se a resposta for "não", então, neste ano eleitoral, você deve indagar "por que não?"

Tradução de Clara Allain

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