São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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REPERCUSSÃO

Dom Paulo Evaristo Arns, 74, cardeal-arcebispo de São Paulo - "Ao general Geisel o Brasil deve o favor de ter preparado a democratização lenta e progressiva com mão segura. Rezamos por ele e sua família, embora sua origem e sua prática tenham sido inspirados pela orientação luterana."

Celso Furtado, 76, historiador - "Não quero comentar. Fiquei exilado em todo o período do seu governo. Não o conheci pessoalmente e não sou testemunha do governo dele."

Miguel Arraes, 79, governador de Pernambuco - "Eu não concordava com muitas de suas ações, mas era um homem de respeito."

Carlos Eduardo Moreira Ferreira, 57, presidente da Fiesp - "A grande virtude do presidente Ernesto Geisel foi ter iniciado o processo de abertura democrática."

José Serra, 54, senador e candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo - "Foi um dos chefes do regime autoritário, mas teve um papel fundamental na redemocratização do país. Ele deu uma brecada no processo de torturas. Em seu governo, o país também deu um grande salto na economia."

José Genoino, 50, deputado federal (PT-SP) - "No governo dele houve prisões, censura à imprensa, fechamento do Congresso e cassação de mandatos. Mas foi um reformador da ditadura com a chamada política de distensão lenta, gradual e segura. Quando o Geisel governou, eu estava preso."

Fernando Gabeira, 55, deputado federal (PV-RJ) - "Sob certos aspectos ele contribuiu muito com o processo de abertura. Na verdade, me pareceu que, em seu período, ele discordava dos métodos mais violentos da ditadura e decidiu conceber o projeto de transição."

Hélio Bicudo, 74, deputado federal (PT-SP) - "Ele teve a sensibilidade de verificar que o regime militar imposto em 1964 estava se esgotando e tomou medidas para a redemocratização do país. A grande virtude de Geisel foi ter-se aberto para essa realidade."

Carlos Alberto Idoeta, 45, diretor da Associação Brasileira pela Anistia Internacional - "Ele foi um presidente de fato e não de direito, mas teve um crédito porque acabou com a tortura política no Brasil. O país deu um exemplo de que era possível acabar com a tortura."

João Paulo dos Reis Velloso, ministro do Planejamento do governo Geisel - "Acho que foi um período (o governo Geisel) de grandes transformações para o Brasil, não só com a redemocratização, mas também na área econômica. Houve reação à crise do petróleo e a procura de uma solução que fosse definitiva e não de caráter paliativo. Foi também um governo muito atuante na área externa. O Brasil se aproximou tanto dos países desenvolvidos como dos subdesenvolvidos.

Ernane Galvêas, 73, ministro da Fazenda no governo João Figueiredo - "Destaco em seu governo a estratégia adotada de não se importar a recessão da primeira crise de energia. Em 73 e 74, a crise do petróleo produziu recessão mundial. O Brasil adotou a estratégia de crescimento com endividamento."

Almirante Maximiano da Fonseca, 76, ministro da Marinha no governo Figueiredo - "Ele tinha uma qualidade rara no país: autoridade. Era um homem que mandava como se devia mandar. E isso faz falta hoje em dia."

General Newton Cruz, 71, chefe do SNI no governo Figueiredo - "Ele sempre foi tido com um grande chefe militar. Foi um homem de verdade dentro do Exército. Ele vivia os problemas do país desde que amanhecia até o anoitecer. E era muito rigoroso. Não transigia com suas convicções. Foi um estadista.".

Nilton Cerqueira, 66, general da reserva e secretário de Segurança Pública do Estado do Rio - "Era um homem austero, de uma honestidade a toda prova, uma obstinação muito grande na conquista dos objetivos que traçava."

Almirante Floriano Peixoto Faria Lima, 79, ex-governador do Estado do Rio de Janeiro - "Conheci Geisel em uma fase importante da vida do Brasil, que foi a renúncia do presidente Jânio Quadros, e desde então sempre ficamos muito próximos, e ele me nomeou governador do Rio de Janeiro. Eu estava com ele no Palácio do Planalto quando houve aquele problema com Herzog (a morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1976) e testemunhei a sua decisão de punir um amigo pessoal, que era o general Edinardo".

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