São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996 |
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Miranda deflagra disputa por presidência do Senado
RAQUEL ULHÔA
Senadores do PMDB consideram que a saída de Miranda pode fazer parte de uma estratégia de Sarney para fortalecer a candidatura de Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) -de quem é amigo pessoal- à presidência do Senado, afastando as chances do PMDB. Esses peemedebistas já fizeram chegar a Sarney o seguinte recado: para provar que não está por trás da decisão de Miranda, Sarney deve trazer para o partido senadores do PFL que são seus aliados, como os maranhenses Edison Lobão e Bello Parga. A suspeita dos parlamentares peemedebistas deve-se à proximidade política de Miranda e Sarney. No Senado, os dois sempre agiram como aliados. Por isso, esses senadores não acreditam que Miranda tenha decidido deixar o PMDB sem a bênção de Sarney. O presidente do Congresso garante que foi surpreendido com a saída de Miranda. A decisão do senador amazonense pode ser decisiva na sucessão da presidência do Senado. Com ele, o PMDB tinha a maior bancada (24 senadores), o que lhe garantia a indicação do presidente da Casa. O PFL vem em segundo lugar, com 22 senadores. Se Miranda oficializar sua ida para esse partido, as duas bancadas ficam empatadas, com 23 parlamentares cada. A situação do PMDB vai piorar se Miranda confirmar a ameaça de levar com ele pelo menos mais dois colegas do partido: João França (RR) e Ernandes Amorim (RO). Os dois também pertencem ao grupo "sarneyzista" do Senado. Ontem, Amorim confirmou que acompanha o senador do Amazonas. França fez mistério. O PMDB já anuncia o contra-ataque, para evitar a redução da bancada. O partido busca a adesão dos senadores Emília Fernandes (PTB-RS), José Bianco (PFL-RO) e Osmar Dias (sem partido-PR). Alguns esperam também Bello Parga (PFL-MA). Miranda diz estar deixando o PMDB porque não gostou do comportamento do partido durante a votação do projeto do novo Código de Trânsito Brasileiro, do qual foi relator. Ele afirma que foi "humilhado" com a oposição do partido ao seu substitutivo. Alguns senadores dizem que ele quer agradar o governo e tentar fazer um acordo com a Receita Federal, que teria aplicado multas altas a empresas de sua propriedade. "Isso não é verdade. Nenhuma empresa da qual sou presidente ou acionista majoritário foi autuada pela Receita Federal. Além disso, a Receita não é um mercado de peixes, que reduz multas em troca de mudança de partido", disse. O senador se reuniu ontem, às 17h30, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Planalto. Texto Anterior: Ex-ministro faz crítica a indenização Próximo Texto: Ex-ministro faz crítica a indenização Índice |
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